Cronistas

Um lugar ao Sol

A expressão “um lugar ao Sol” significa obter um lugar de conforto ou um espaço de menos privação ou, talvez, de situação de igualdade nas mesmas circunstâncias. Penso que esta frase deve ter sido inventada nos países de clima frio, onde o sol faz falta e ajuda a amenizar a existência.

No mundo, um lugar ao Sol para um rico pode ser a obtenção de uma vantagem em relação aos outros ricos, seus concorrentes, ou a aquisição de mais um privilégio. Para um indivíduo da classe média, um lugar ao Sol poderá ser a possibilidade de adquirir uma casa ou ser promovido na sua carreira, depois de muito tempo aí estagnado. Para um pobre, um lugar ao Sol é poder enganar a fome crónica e conseguir uma refeição diária, ou arranjar emprego que permita dar algum sustento à família. São apenas alguns exemplos. E em Angola, o que pode ser um lugar ao Sol?

Para alguém da elite política será encontrar um lugar de ministro ou de deputado ou um posto de responsabilidade que conceda benesses e honrarias (ponho de parte que o cargo sirva para rapidamente se tornar rico!…); para um elemento da elite económica, um lugar ao Sol poderá ser a tomada de uma forte participação em empresa ou banco no estrangeiro ou a aquisição da melhor parte dum sector do mercado interno; mas também pode ser o caso de um empresário que antevê a possibilidade de progredir, mesmo não tendo cartão do partido que governa, ou conseguir implantar-se num sector habitualmente nas mãos de mais poderosos e protegidos do poder; para uma zungueira, um lugar ao Sol poderá ser um sítio onde consiga fazer as suas vendas sem ter de fugir de repente, perseguida pela polícia; para um agricultor, um lugar ao Sol pode ser a possibilidade de escoar os produtos que tão trabalhosamente arrancou da terra; para um desempregado, lugar ao Sol seria obter emprego; para um pobre (e são tantos na nossa terra!) um lugar ao Sol seria ter comida diariamente, uma modestíssima casa para dormir, longe do lixo, um hospital que o trate, um mínimo de dinheiro para comprar medicamentos para si e família; para todo e qualquer cidadão, um lugar ao Sol (além da satisfação de seus desejos e interesses específicos) será ter sistemas nacionais de saúde e educação com infraestruturas adequadas e desempenhos eficazes, ter emprego, liberdade de se exprimir, associar e fazer ouvir a sua voz.

Neste momento em que uma parte da elite angolana procura um certo lugar ao Sol, em luta contra a outra parte da elite que tem usufruído de bastante Sol, será bom que, no fim de contas, todos se lembrem dos muitos e básicos lugares ao Sol de que necessita a grande maioria da população angolana de modo a aprenderem a repartir umas milésimas da sua riqueza com o País. É benéfico para todos: elite e cidadãos.

Boas Festas e «caté 2018».

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