A livre circulação de pessoas

No dia 10 de Junho em Cabo Verde o Presidente daquele país no seu
discurso como anfitrião das comemorações do Dia de Portugal apelou aos governantes portugueses para prestarem uma maior atenção à
necessidade de abolição dos vistos entre Cabo Verde e Portugal e
com a respetiva reciprocidade.
Se a memória não nos atraiçoa é a primeira vez que uma figura
cimeira de Estado de um dos países integrante da C. P.L. P. faz este
apelo publicamente e de forma oficial. Acreditamos que tal
manifestação de interesse não ocorre de forma leviana, estamos
confiante, que se prepara uma medida abrangente daquela natureza.
Há anos que somos claramente defensores da circulação livre de
pessoas no espaço geográfico dos países em língua portuguesa.
Dirão muitos, que há compromissos nomeadamente de Portugal
devido aos tratados europeus, tudo é verdade, mas também é
verdade que a vontade politica e diplomática sabe contornar
inúmeras situações no mundo global que vivemos.
Temos dificuldade em compreender que os capitais circulem quase
sem fronteiras e os bens e serviços de igual modo, ao invés o ser
humano tenha enormes obstáculos para ser reconhecido como ser
humano igual em qualquer parte do Mundo e em especial no âmbito
da C.P.L.P.
Basta olhar para desigualdade de tratamento que é dado socialmente
aos cidadãos conforme a sua origem e género. Assumimos com
frontalidade o combate à discriminação, nem catalogamos as
brasileiras como prostitutas, nem consideramos que os brasileiros só
podem trabalhar na restauração, e muito menos que os angolanos
são uns malandros que só têm dinheiro e por exemplo as africanas só
podem ser empregadas domésticas, e ainda por exemplo os cabo-
verdianos que só servem para trabalhar em obras. Porque durante
muitos anos os portugueses também emigravam para outros países e
eram catalogados para irem trabalhar em atividades como obras ou
limpezas.
Aquele rótulos em Portugal e outros semelhantes que existem nos
outros países de língua portuguesa têm que combatidos e banidos
socialmente. Acima de tudo o respeito pelo humanismo, pela
dignidade social através do mérito e das competências.
São estes alguns dos pressupostos com que nos congratulamos com
o discurso inteligente do Presidente da República de Cabo Verde nas
comemorações do dia 10 de Junho.
A História tem que ser respeitada no que de mais positivo há nas
relações entre os seres humanos, e sabermos aprender de igual
modo com os conflitos divergentes da História.
Muito em breve Angola assumirá a liderança da C.P.L.P. e os sinais
promissores de mudança preveem que o Estatuto protocolado entre
Governo poderá ser ajustado e alargar à intervenção da sociedade
civil de forma genérica.