Cronistas

Adeus Rio Quanza

Rio Quanza é um rio grande que nasce em Angola, lá para os lados de Chitembo ou Mumbué, na província do Bié.Este rio Qunza, sem nunca mais parar, cresce, corre, engrossa e expande-se numa marcha altaneira, atravessando Angola inteira até lançar-se no mar.
Rio bem formoso, cheio de lendas e que um certo dia ouviu cantar a história emocional do nosso povo angolano, e quis ser para sempre angolano, deixando no seu leito e margens, muitas histórias de encantar e ao jeito do povo angolano.

Gravou padrões de glória na Muxima, em Cambambe, Massangano,, Porto Condo (rápidos do Kuanza).

Histórias essas, repletas de lutas vitórias e reveses, que lusos e angolanos sustentaram contra os invasores holandeses.

Este rio Quanza que na sua caminhada estremece de impulsos de amor, beleza e grandeza, e que a partir da sua nascente foi crescendo e engrossando, com denominada ira emocional, cantando poe aqui e ali, para o seu povo angolano.

Prosseguindo de obstáculo em obstáculo, com barrareiras aqui e logo ali, na van tentativa de se opor a sua caminhada. Mas este Quanza na sua fúria de correr livre… deparou-se com o seu primeiro obstáculo, com coragem, investiu e por ali abaixo ruiu, em Porto Condo, dando a natureza os maravilhosos Rápidos do Quanza, lá para os lados de Cangandala.

Um pouco mais abaixo, uma beleza da arquitectura, a ponte Salazar ( assim chamada no tempo dos portugueses, inaugurada em 1951, autoria e responsabilidade do Eng. Mendonça Lopes). Ponte esta, que liga Malanje á zona sul do país. Dela observa-se também a bela ilha, repleta de verdes, cor e luz. Bondade do rio Quanza, que nesta zona entendeu abrir os braços do seu leito e deixar pelo seu caminho mais uma maravilha da natureza.

Por lá também se conta a lenda de NGola Bandi, irmão da Rainha Jinga altiva, Rainha da Matamba, que foi a Luanda em comitiva do seu poder e Estado.
Dizem-nos as vozes do nosso mais velhos, que morreu evenenado à ordem de sua irmã por vingança; - de coração em chagas, por seu filho, morto por N
Gola Bandi, por questões sagradas de direitos familiares.
Regressando ilha, recanto ideal, de silêncios assustadores, no meio desse Quanza, impetuoso que corre sem parara, sem descanso ou consolo. 
Mais além, e muito mais abaixo, distraído numa noite de lua prateada, acabou por mergulhar nas goelas do Salto do Cabalo, num grito amargo, prisioneiro e cativo acabou por ficar.

Sem esmorecer, lutando no escuro, batendo de rocha em rocha, metros abaixo, rugindo furioso, ribombando em gritos de alegria e liberdade, com tal voragem retoma o seu caminhar !!
E já me vou perdendo a divagar …
Quanz que nesse seu passado histórico, tão longo, legou-nos a saudade, a nostalgia, quimeras surpreendentes que contagiam coisas e gentes.
Ele foi corte e fortaleza do Rei N`Gola, levando-nos a lembranças de outros tempos e sonhos que murnuram pelas suas águas hora mansas, hora furiosas.
E assim lá vai ele de Porto Condo, Furnas de Cacolo, Pedras Negras, Pedras Jinga, Salto do Cabalo…. Deixando e traçando um eco do passado, que nos prende, fala, nos encanta e embala, nesta viagem Quanza acima.
Por fim, este rio Quanza, na sua grandiosidade, com lágrimas e cantando a sua última canção, diz adeus a Malanje e Angola.

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