África e as eleições na Nigéria e Senegal

Nigéria (sábado) e Senegal (domingo) deram início a um período eleitoral que vai percorrer todo continente africano durante este ano, mais concretamente, e segundo a ONG sul-africana Electoral Institute for Sustainable Democracy in Africa (EISA), em 21 países e uma região autónoma.
No passado sábado forma eleições presidenciais e legislativas na Nigéria onde os dois principais candidatos à presidência eram o Presidente Muhammadu Buhari, de 76 anos, que procurava a reeleição e o seu antigo aliado e vice-presidente entre 1999 e 2007, Atiku Abubakar, de 72 anos.
Nas legislativas, a plataforma eleitoral Peoples Democratic Party (PDP – plataforma que apoia Abubakar) e o All Progressives Congress (APC – próximo do Presidente Buhari) emergiam como as principais forças políticas a terem assento no House of Representatives (Câmara dos Representantes) e no Senado.
Foi uma campanha difícil e com muitas vítimas mortais no seu trajecto – segundo dados oficiais, teriam sido 16 as vítimas mortais, no que é contestado por plataformas noticiosas nigerianas – até às vésperas d pacto eleitoral. De tal forma, como se referiu mais de uma vez o portal nigeriano Legit/Naij.com que, ainda que as razões invocadas tenham sido diferentes, as eleições estavam previstas para o passado dia 16 e acabaram por ser a 23 de Fevereiro.
De acordo com as primeiras indicações eleitorais, oficiais e transmitidas pelo Independent National Electoral Commission (INEC), tudo parece indicar que o APC terá sido o grande vencedor das legislativas, dado que, até ao momento, o APC conquistou vários lugares ao PDP, nomeadamente o mais alto cargo do Senado que era de Bukola Saraki, que foi derrotado na sua circunscrição de Kwara Central, para Yahaya Oloriegbe, do APC, que lhe permitirá se apresentar como o principal candidato à presidência do Senado.
Por sua vez, as presidenciais começam a ter contornos típicos de muitas eleições no continente. Ainda que os primeiros resultados, transmitidos pelo INEC, posam indicar que Buhari poderá ser reeleito, quer este, quer Abubakar, já reclamaram a vitória. Aguardemos os resultados finais, gerais, que o INEC nos trará até à próxima quarta-feira.
Por sua vez, ontem, domingo, o Senegal iniciou um ciclo eleitoral que se iniciou com as eleições presidenciais, e que terminarão no final do ano com as legislativas. O actual Presidente, Macky Sall, um antropólogo de 57 anos, apoiado pelo Parti Démocratique Sénégalais (PDS), considera que tem todas as condições para ser reeleito logo na primeira volta, no que parece ser corroborado pela BBC.
Além de Sall, para um segundo mandato, concorreram a estas eleições presidenciais – que os observadores da Francofonia, liderados por Patrice Trovoada (vindo de quem vem…), e reiterado pela Comissão Eleitoral Nacional (CENA), consideraram ter decorrido «com normalidade» e «muita participação» – o antigo primeiro-ministro Idrissa Seck, o deputado oposicionista Ousmane Sonko, El Hadji Issa Sall, do Parti de l’Unité et du Rassemblement (PUR – ou Partido da Unidade e Congregação), e do advogado Madicke Niang, considerado próximo do antigo Presidente Aboulaye Wade (de alguma má memória para os Bissau-guineenses).
De notar que dois principais adversários, Karim Wade, filho Abdoulaye Wade, e Khalifa Sall, dissidente do Parti Socialiste du Sénégal e antigo presidente de Dacar, foram impedidos de concorrer devido terem sido alvo de condenações por corrupção. Esta terá sido umas das razões para que o PDS, de A. Wade, no início do mês tenha proposto o adiamento destas eleições.
Aguardemos pelos resultados oficiais que deverão ser publicados até à próxima sexta-feira, 1 de Março. No caso de nenhum do candidatos obter a maioria absoluta na primeira volta, a segundo turno está marcado para 24 de Março.
*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e investigação para Pós-Doutorado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**
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