Eugénio Costa AlmeidaOpinião

África e uma Primavera da Juventude Africana

A Juventude Africana começa a ficar cansada das prepotências de gerontocracias política africana e das suas “má-vontade” em querer compreender que a política africana actual está quase a milhas da que tinham, viviam, e mantinham no seu tempo de jovens e de políticos emergentes.

Cada vez mais os jovens querem que a sua vida política e social seja mais livre, transparente e respeitada no que concerne às suas expectativas e exigências eleitorais.

Pode dizer-se que perpassa pelo Continente e pela vida política africana uma corrente que designaria de “Primavera da Juventude Africana”.

Quando os Mais Velhos – os geroncratas políticos que ainda dominam a política africana; e se ainda os há… – compreenderam que é tempo de rejuvenescer as lideranças no Continente, e certeza que África entrará num caminho de progresso social, financeiro e desenvolvimento económico que evitará muitas das situações e crises político-militares, sociais e religiosos tão endémicos na Mãe-África.

A recente imagem dos jovens Bissau-guineenses em exigirem ao seu Presidente que nomeie, de imediato, aquele que o povo escolheu em urnas para seu primeiro-ministro – manifestaram-se na quarta e exigira que a tomada de posse fosse ontem – é a prova inequívoca que certos constrangimentos e expedientes que alguns políticos usam para protelar a vontade popular – principalmente, se o resultado do voto foi diferente o que aqueles desejavam – já não tem qualquer sentido, nem, tão pouco, consegue sobreviver.

Esses expedientes, normalmente, acabam por resultar em revoltas e revoluções que, começando por ser pacíficas, não poucas vezes, em violência, mais que gratuita, sangrenta e impossível de contenção.

É altura desses geroncratas compreenderem que o seu tempo de “sobismo” acabou.

Um bom e respeitado político é aquele que cumpre a vontade popular – leia-se, o resultado do voto – e as normas constitucionais, sem usarem expeditos como alterações constitucionais para se manterem no cargo, não ligarem ao que o Povo diz nas urnas ou, muitas vezes – demasiadas – fazerem do seu País e da sua economia feudos pessoais.

É altura de África lhes dar um enorme chuto!

Parece-me que a nova Juventude Africana, intelectualmente mais politizada e academicamente mais desenvolvida, começa a estar mais intransigentemente atenta aos despautérios da gerontocracia política que ainda enfermo a Mãe África.

Esta precisa mesmo que haja uma Primavera política e social a Juventude Africana para que o mais antigo e jovem continente deixe de ser olhado como um local de más-práticas sociais, políticas e, principalmente, que deixe de ser – como muitas vezes tem acontecido – um “caixote de lixo” ou “pátria de mão-barata” dos mais desenvolvidos.

Viva África! Viva a Juventude Africana. Contamos com esta!

* Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e investigação para Pós-Doutorado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

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