
A chefe do Governo da Alemanha, há 14 anos no cargo, é a terceira chanceler (depois de Helmut Schmidt e Helmut Kohl), a visitar o antigo campo de concentração e extermínio de Auschwitz -Birkenau, construído pelo regime alemão nazi em território da Polónia e onde morreram cerca de um milhão e 100 mil pessoas.
“Auschwitz é o símbolo do Holocausto, da culpa alemã, mas também da responsabilidade da Alemanha moderna por conseguir um mundo livre de ódio, violência e antissemitismo. Depois do ataque terrorista à sinagoga em Halle (que acabou com a morte de duas pessoas, a 9 de Outubro), é essencial que a chanceler recorde os alemães dessa responsabilidade”, referiu em declarações à agência Lusa o investigador do centro Leibniz de História Contemporânea de Potsdam.
O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, o director do Conselho Central de Judeus da Alemanha, Josef Schuster, o director do Congresso Mundial de Judeus e um sobrevivente de Auschwitz vão acompanhar esta visita.
A chanceler vai começar a visita atravessando o conhecido portão com a frase “Arbeit Macht Frei” (O Trabalho Liberta) e vai prestar um minuto de silêncio junto ao “muro da morte” onde milhares de prisioneiros foram alvejados. Está também previsto que Merkel faça um discurso e deixe uma coroa de flores no campo de Birkenau.
De acordo com números avançados pela polícia, as ofensas antissemitas na Alemanha aumentaram quase 10% no ano passado para 1,646, o nível mais alto da última década. Os ataques violentos cresceram mais de 60%.
O partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), tem-se destacado pelo crescente discurso xenófobo. O antigo líder, Alexander Gauland chegou mesmo a dizer que o holocausto foi apenas um pequeno ponto na história do país.
“Numa altura em que o partido populista de direita no Parlamento pede uma mudança na forma como se olha para o passado alemão, desvalorizando esta parte da história, a visita torna-se de extrema relevância para Angela Merkel”, admite René Schlott.
“Considero também que é um desejo pessoal da chanceler poder visitar o local enquanto ainda está no cargo, como um sinal de reconciliação com os judeus e o Estado de Israel”, completa .
É a primeira vez que Angela Merkel visita o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, que assinala, a 27 de Janeiro do próximo ano, 75 anos da sua libertação pelos soldados soviéticos. No entanto, a chanceler já visitou outros campos na Alemanha e o memorial do holocausto Yad Vashem em Jerusalém.
Fonte: Lusa.