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Angola é a maior origem do tráfico de crianças africanas para Portugal

“Portugal começou a ser usado como nova rota para o tráfico de crianças, sobretudo africanas: essas crianças e adolescentes são utilizadas para exploração e escravatura em países como França ou Alemanha. Portugal funciona como porta de entrada para o espaço Schengen e o destino final são países do centro da Europa “, conta Acácio Pereira, presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização (SCIF) do SEF.

Na maior parte dos casos, “as crianças africanas chegam com documentos falsos acompanhadas de adultos com a documentação legal, quase sempre de países lusófonos”, afirma Acácio Pereira.

“Os nossos inspectores têm conseguido prender traficantes e resgatar algumas crianças, mas a nossa percepção é que temos de aumentar o dispositivo para que a maior parte deste tráfico não continue a escapar ao nosso controlo. Angola é a maior origem”, reafirma.

Esta percepção de uma escalada de tráfico de seres humanos em Portugal é confirmada ao nível da mais importante organização europeia que se dedica a este fenómeno. No seu último relatório, divulgado neste mês, o Grupo de Peritos em Acção contra o Tráfico de Seres Humanos (GRETA) do Conselho da Europa coloca Portugal como um dos países onde o tráfico de pessoas mais tem crescido e um dos cinco países europeus onde a exploração laboral supera o tráfico sexual, indicando que a maioria das vítimas são homens e que a exploração ocorre sobretudo na agricultura, na hotelaria e nas pescas.

Na mesma tendência ascendente “preocupante”, alerta o SCIF, estão os casos de menores, com o GRETA a empurrar Portugal para o cimo da lista de países “com mais desaparecimento de crianças”.

Uma fonte do SEF confidenciou a Vivências Press News (VPN) de que é notável ” uma clara falta de vontade e fraca colaboração das autoridades angolanas na busca de soluções para estes casos de tráfico de crianças africanas para Portugal”, acrescentando ainda que “muitas destas crianças são originárias da República Democrática do Congo e levadas para território angolano onde funcionam as redes de tráfico em esquemas organizados de falsificação de documentos e facilitação de entrada em território português” .

Em Janeiro deste ano, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve em Vila Real um casal angolano, que viajava de autocarro com três crianças africanas. Os menores de 7,8 e 10 anos, tinham passaportes angolanos falsos. Não falavam português, nem nenhum dos dialectos usados em Angola. Os falsos pais, de 33 e 35 anos, foram sujeitos a primeiro interrogatório no Tribunal de Vila Real.

A suspeita de que as crianças seriam vendidas para redes de pedofilia ganhou ainda mais força quando os investigadores encontraram no telemóvel do detido, várias fotografias e vídeos pornográficos envolvendo crianças africanas. O casal foi detido depois de sair do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, quando seguiam num autocarro com destino a Paris, através da fronteira de Chaves.

As três crianças estão num abrigo do SEF destinado a refugiados. A forma como foram vacinadas, junto ao cotovelo e não na parte superior do braço, como se vacina em Portugal e Angola, levou as autoridades a suspeitarem de que terão nacionalidade congolesa. O dialecto que falam é também imperceptível para quem os acompanha no abrigo, o que leva a crer que tenham sido retiradas de tribos do Congo.

Fontes : VPN e DN.

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