
O JESexit, ou abandono da vida política por parte de José Eduardo dos Santos, presidente do MPLA desde 1979 e chefe de Estado durante 38 anos (1979-2017), foi expressamente adiado para abril de 2019.
Num anúncio feito hoje, no discurso de abertura da quinta sessão ordinária do Comité Central do MPLA, que decorreu no Complexo Turístico do Futungo 2, em Luanda, José Eduardo dos Santos, recordou que se comprometeu a envolver-se “pessoalmente” no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai “preparar a estratégia” do MPLA para as primeiras eleições autárquicas em Angola.
“Assim, recomendo, por ser mais prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai resolver a liderança do MPLA, seja em dezembro de 2018 ou abril de 2019”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre este processo.
Em 11 de março de 2016, José Eduardo dos Santos, na qualidade de presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), anunciava na abertura da décima-primeira reunião ordinária do Comité Central do MPLA, que deixaria a vida política activa em 2018, ano em que completaria 76 anos.
“Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018“, anunciou José Eduardo dos Santos, depois de passar em revista o seu percurso no MPLA e na liderança de Angola.
O anúncio das datas para a realização do congresso extraordinário do MPLA, criou vários debates em torno da promessa feita em 2016, José Eduardo dos Santos, em abandonar a vida política, bem como no funcionamento da bicefalia entre o presidente do MPLA e o Presidente da República de Angola, e também vice-presidente do MPLA.
Numa altura em que se fala de várias divergências e diferenças de opinião no seio do MPLA, o anúncio hoje de adiar o JESexit, por parte do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, irá certamente merecer uma forte contestação interna e abrir brechas entre as correntes do “Eduardismo” e do “Lourencismo”.
“Acho que José Eduardo dos Santos ainda tem uma visão muito pessoal do partido e do país . Está a perder a visão e dimensão de Estado. Ao adiar o chamado JESexit, que prometeu em 2016, revela as dificuldades que tem em cumprir com a palavra dada. E que pretende ganhar tempo em nome de interesses pessoais e de certos grupos. Não está a agir no superior interesse de uma nação que liderou durante 38 anos. Isto não é um bom sinal para para o MPLA, que pode sair prejudicado com isso nas próximas eleições, nem um bom sinal para Angola no plano interno e externo”, disse a Vivências Press News, uma fonte junto do MPLA.