Angola quer Áreas Marinhas Protegidas integradas para garantir recursos pesqueiros

O Governo angolano anunciou hoje a intenção de criar Áreas Marinhas Protegidas integradas, para garantir a preservação de recursos energéticos vitais e a manutenção das cadeias alimentares, biodiversidade, produtividade piscícola e auxiliar na conservação dos recursos pesqueiros.
Segundo a ministra das Pescas e do Mar de Angola, Victória de Barros Neto, que discursava em Luanda na abertura do ‘workshop’ sobre gestão de áreas marinhas protegidas, este processo deverá envolver investigadores.
“A investigação científica tem importância relevante na identificação das referidas áreas e no fornecimento de linhas de orientação para que os gestores possam criar e implementar as medidas de gestão para a conservação”, disse.
De acordo com a governante, a zona costeira angolana tem áreas “particularmente sensíveis e frágeis”, do ponto de vista ambiental, tal como os “estuários e os sistemas de mangais, importantes para o crescimento de muitas espécies de peixes de valor comercial”.
Na abertura deste ‘workshop’, que decorre até quinta-feira, no quadro do programa de cooperação técnica entre os governos de Angola e da Noruega, a ministra das Pescas e do Mar assinalou ainda a importância estratégica da zona costeira angolana.
“Que pode ser evidente em vários aspetos, quer seja pelo mosaico de ecossistemas que abriga enorme biodiversidade ou pelos interesses económicos associados à expansão urbana”, observou, tendo destacado o aspeto transfronteiriço na gestão das Áreas Marítimas Protegidas e da orla costeira.
“A nível regional, Angola tem colaborado com a Namíbia e África do Sul dentro da Convenção da Corrente de Benguela para assegurar que os recursos partilhados e os seus ecossistemas sejam geridos de forma sustentável e a norte com a Comissão Regional das Pescas do Golfo da Guiné”, referiu.
Victória de Barros Neto lembrou ainda que os ecossistemas mundiais estão “gravemente ameaçados”, estimando que “quase metade dos mares e oceanos que circundam ilhas e continentes estejam já altamente afetados pela atividade humana”.
“A realização deste seminário é de grande importância para o setor das Pescas e do Mar, pois permitirá analisar os instrumentos legais, e os mecanismos técnicos e científicos para conservação e proteção dos recursos costeiros”, apontou.
Por sua vez, a diretora nacional de Pescas e Proteção dos Recursos Pesqueiros de Angola, Maria de Lurdes Sardinha, referiu que aquele ministério tem já catalogado algumas áreas sensíveis para proteção.
“Há números e o que nos resta apenas é integrar. Por exemplo, temos aqui muitos sistemas sensíveis a nível das palmeirinhas, a corrente fria de benguela, a zona de proteção do camarão e o que vamos fazer é integrar”, disse.
O workshop sobre gestão de áreas marinhas protegidas congrega vários utilizadores do ecossistema nacional, entre indústrias exploradoras de petróleo e gás, transportes, indústria virada para o turismo, ambiente e membros da Embaixada da Noruega em Angola.
Participam ainda investigadores da Universidade Agostinho Neto, de Luanda, e da Universidade de Aveiro, Portugal.
Fonte: Lusa