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Angola tem apenas dois hospitais para diagnosticar crianças autistas

Maria da Luz, responsável do projecto que se dedica ao desenvolvimento de “ludo-terapêuticas”, uma técnica de abordagem infantil que se baseia no facto de que brincar é um meio natural de auto-expressão da criança, afirmou que apenas os hospitais David Bernardino e Psiquiátrico de Luanda dispõem de serviços para atender crianças e jovens autistas.

“Há apenas um especialista no Hospital David Bernardino e uns poucos na Psiquiatria, que atendem muitos doentes “, afirmou Maria da Luz.

Por causa da carência de especialistas, Maria da Luz diz que os hospitais públicos acabam por não ter consultas de desenvolvimento adequadas, o que dificulta o diagnóstico precoce.

A especialista garantiu que as crianças com autismo, quando diagnosticadas de forma precoce e bem acompanhadas por uma equipa multidisciplinar, podem ter uma vida sem muitas complicações. Por isso, alertou os pais para estarem atentos ao desenvolvimento da criança e, no caso de notarem alguma anomalia, devem imediatamente procurar um pediatra.

A líder do projecto “Coração Azul” disse que os pais devem conhecer certas informações sobre a doença, uma vez que o autismo não tem cura e os medicamentos servem apenas para acalmar os sintomas.

“O mais importante é as famílias que vivem esta situação estejam bem informadas”, disse para avançar que, além de não ter cura, as causas do transtorno ainda são incertas.

Mas, explicou, o diagnóstico precoce ajuda a trabalhar, reabilitar, modificar e tratar a criança, para que ela possa adequar-se ao convívio social e às actividades académicas. O grande problema, na visão da responsável do projecto “Coração Azul”, é que Angola não está preparada nem tem condições para lidar com pessoas portadoras de autismo.

Para Maria da Luz, o Estado deve mudar esta situação e cada um fazer o seu papel, de modo a que as crianças com autismo e as hiperactivas possam ter um ensino especial de acordo com a sua deficiência. “É necessário haver vontade política”.

Défice de atenção, de interacção social, comunicação verbal e não verbal, de coordenação motora, comportamentos estereotipados e repetitivos são alguns sintomas da doença. Azul é a cor que representa a doença, que é mais comum em rapazes. Ou seja, em cada cinco autistas , quatro são do sexo masculino.

Por mais que as causas do autismo não sejam conhecidas, os cientistas sugerem que alguns factores desempenham papéis importantes no desenvolvimento do transtorno. São os casos do género, genética, pais velhos e parentes autistas. Quanto ao género, a explicação é que crianças do sexo masculino são mais propensas a terem autismo.

Estima-se que 70 milhões de pessoas no Mundo possuem algum tipo de autismo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Fonte : Jornal de Angola.

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