Cronistas

Aromas inesquecíveis – Rota do Café

Tempos ouve e quando partíamos da Quibala em direcção a Novo Redondo  ou Gabela, era incrível o deleite que se oferecia aos nossos olhos e espírito.
Não se pode imaginar, sem que se veja, os cafeeiros em flor, aquele manto de flores, sobre o verde das matas e morros, por extensões de dezenas de quilómetros, provocava-nos uma impressão que não mais se esquece.
Com raios de sol causticante, os cafeeiros em flor, são uma melodia fresca de primavera, que nos é oferecida ao olhar, como autênticas porções do céu, encrostadas sob aquele manto verde, dando-nos uma autêntica florestas de grinaldas, de ternura, sedução, surpresa. Um reino maravilhoso de beleza a coroar um trabalho gigantesco que homens do mato abriram e plantaram, tais pioneiros da civilização agrícola, labutando de sol a sol, conquistaram e ganharam como tributo,  manifestação de alegria, carinho e conforto da natureza imagináveis.

Não era só a beleza daqueles imensos jardins floridos, mas também o seu odor estonteante que nos embriagava e encantava… que cheirinho meus Deus.
Por inerências da minha profissão, tive o previlégío e a felicidade  de presenciar nas diversas regiões do café, essa beleza e riqueza de Angola.
Nesse tempo, o café Robusta, cujo produto chegou a atingir tal desenvolvimento que obteve um lugar cimeiro, que logrou o terceiro lugar no mundo dos maiores e o primeiro de África.
O cafeeiro é um arbusto, gracioso, bem encorpado, que sendo bem tratado  e digno de louvor, se mal tratado transforma-se numa arvore feia e sem graça.
Logo que  aquele manto branco desaparece no panorama da natureza, outro tipo de beleza nos oferece o cafeeiro. Começam a surgir entre a sua folhagem e ramos, pequenas bagas de cor verde claro, formando cachos, que no seu tamanho adulto, mudam de cor, primeiro para um tom de cor amarelado, rosa pálido e por fim um vermelho vivo, transformando o anterior mato branco, numa paisagem de vermelho em fundo verde.

E de novo voltamos a ficar extasiados com nova beleza que se nos apresenta aos nossos olhos. Toda aquela brancura se transformou e nos transporta a novo mundo belo e de cor.
Tempos depois, nova transformação, o vermelho vivo, vai-se tornando acastanhado e mais logo, castanho escuro.
Concluído este todo este processo de crescimento e mudança de cores. Dá-se início a uma azafama de centenas e centenas de trabalhadores que se movimentam ao longo dos campos dos cafeeiros e suas picadas, colhendo e transportando este delicioso e aromático fruto para as camionetas e tractores. Tarefa nada fácil para estes homens e mulheres que no duro do dia a dia, executam este trabalho.

Depois de colhido é espalhado em terreiros, onde homens sabidos no oficio, com rodos, vão virando uma e outra vez o café de modo a completar a sua secagem, para  mais tarde as máquinas tratarem do seu descasque, separando a casca do grão, para logo serem ensacado em sacos de juta, cozidos manualmente ou em máquinas, as cascas eram utilizadas como adubo ou queimadas.

Terminado todo este ciclo, os cafeeiros entram num estado de repouso e mais tarde os trabalhos de limpeza e preparação para novo ciclo.

Foi intenção minha, descrever a vida e o percurso desta maravilhosa planta, que autrora, ocupava  milhares de hectares, trouxeram riqueza para o país, desenvolvimento de vilas, cidades, estradas, pontes, caminhos de ferro e progresso industrial.
Foi pena que se tivesse perdido tal riqueza que em muito contribuiu para a balança comercial de Angola, a seguir ao petróleo e os diamantes.
Põe estas zonas voltei a passar em visita a Angola, que desilusão, tristeza…. só o verde ficou, a natureza encarregou-se e assenhorou-se das plantas do café.

 

 

Este o meu grito…. Angola não é só petróleo e diamantes !!!

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