
O acordo foi assinado esta sexta-feira na Sala dos Tratados, no Vaticano, pelo secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin e o secretário das Relações com os Estados, Paul Richard Gallagher, da parte do Vaticano, e pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Domingos Augusto.
Composto por um preâmbulo e 26 artigos o acordo define o quadro jurídico das relações entre a Igreja Católica e o Estado angolano e segundo a Santa Sé, permite o reconhecimento da personalidade jurídica pública da Igreja e das suas instituições e imóveis, bem como o livre exercício da sua missão apostólica.
As duas partes, salvaguardando a sua independência e autonomia, estão comprometidas em colaborar para o bem-estar espiritual e material da pessoa humana, bem como para a promoção do bem comum.
O acordo entrará em vigor com a troca dos Instrumentos de Ratificação.
As relações diplomáticas entre Angola e o Vaticano foram instituídas a 8 de Julho de 1997, com a nomeação do primeiro embaixador junto da Santa Sé, Domingos Quiosa, acreditado no dia 7 de Fevereiro de 1998.
O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, iniciou na quinta-feira uma visita oficial de três dias a Roma.
Em Março de 2018, o Presidente da República, João Lourenço, criou uma Comissão Interministerial para tratar das negociações para a assinatura do acordo.
Manuel Augusto disse na cerimónia de assinatura do acordo que as relações entre Angola e o Vaticano alicerçadas nos finais do Século XV e aprofundadas no século XVI, durante o reinado de D. Afonso VI, estabeleceram as bases do cristianismo no actual território de Angola.
“Nos anais da história de Angola, registam-se mais de cinco séculos de evangelização caracterizadas por relações de respeito e cordialidade com o Vaticano”, disse o ministro adiantando que “foi também em Angola que se edificou a primeira catedral católica a sul do Equador na cidade de M’Banza Kongo, então capital do Reino do Congo e património cultural da humanidade”.
Embora a República de Angola seja um Estado laico, adiantou, a população professa maioritariamente o cristianismo, sendo cerca de 60% da mesma constituída por católicos.
Segundo Manuel Augusto, o acordo-quadro é um importante instrumento que contribuirá para o estreitamento e fortalecimento das relações entre o Governo da República de Angola e a Santa Sé assentes nos princípios do reconhecimento da soberania e da independência dos Estados e tem em conta “o imensurável serviço prestado ao longo dos anos pela Igreja Católica no domínio espiritual, moral, social , cultural e pedagógico”.
Na cerimónia de assinatura do acordo esteve também a ministra da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, a secretária do Presidente da República para os Assuntos Sociais, Maria de Fátima Viegas, o presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), D. Filomeno do Nascimento Vieira Dias, arcebispo de Luanda, e D. José Manuel Imbamba, Arcebispo de Saurimo (Lunda Sul).
A delegação angolana é ainda composta por outros responsáveis como o director nacional para os Assuntos Religiosos do Ministério da Cultura, Francisco de Castro Maria, e do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), nomeadamente Vicência Morais de Brito (Direcção Europa), António Ramos da Cruz (Assuntos Jurídicos , Tratados e Contenciosos) e Emília Fernandes de Almeida (directora-adjunta do Gabinete do ministro).
Da agenda o ministro Manuel Augusto constam também visitas às novas instalações da Embaixada de Angola no Estado do Vaticano e à Basílica de Santa Maria Maggiore, onde está sepultado Nsaku Ne Vunda (nome de baptismo, António Manuel Nvunda), o primeiro embaixador do antigo Reino do Congo junto da Santa Sé.
Fonte: Lusa.