Bloco de Esquerda teve reunião privada com João Lourenço

Uma delegação do Bloco de Esquerda (BE) reuniu-se, na sexta-feira à noite, com o Presidente angolano, no Hotel Ritz.
A iniciativa do encontro partiu de João Lourenço que, através do embaixador angolano em Portugal, fez saber do “grande interesse” de Angola em “normalizar as relações com todo o espectro político português”.
O BE criticou duramente o sistema político em Angola e, há nove anos, recusou encontrar-se com José Eduardo dos Santos.
“Não temos uma posição imutável sobre Angola”, disse Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar e que, com Catarina Martins e Luís Fazenda, integrou a delegação que se reuniu com João Lourenço.
Nas vésperas da visita do chefe de Estado angolano, o BE manteve encontros com a oposição angolana, entre eles com o activista Rafael Marques e membros do Bloco Democrático de Angola.
“Esses contactos ajudaram a formar uma opinião sobre as mudanças em curso e dos sinais de esperança no combate à corrupção, no fim dos entorses ao sistema judicial e aos atropelos à democracia. Damos o benefício da dúvida”, conclui Pedro Filipe Soares .
Segundo Catarina Martins, na reunião foi transmitido a João Lourenço que “as críticas que o Bloco tem feito ao Governo angolano sobre as necessidades de liberdades políticas são críticas” que se mantém.
“Reconheço que há alguns sinais de mudança e acompanhamos a expectativa do povo angolano numa mudança, achamos que é muito importante a colaboração da justiça de Portugal e de Angola porque há uma elite económica que se tem movido na sombra e que tem vindo a depredar os recursos tanto de um país como o outro “, elencou.
A líder do BE garantiu que reiterou ao Presidente angolano “as posições de sempre do Bloco”.
“Exigências com liberdades democráticas, muita preocupação com a corrupção e, nomeadamente, com a elite económica que circula entre Portugal e Angola, que não é só um problema angolano, é também um problema português”, concretizou.
Sobre a avaliação que faz da governação de João Lourenço, Catarina Martins reiterou, apenas, que o BE acompanha “a expectativa do povo angolano de que os sinais se possam converter em mudanças muito concretas em nome do pluralismo, das liberdades e do desenvolvimento”.