BPI e BFA contribuíram com 214 ME para CaixaBank em 2020

O BPI, português, contribuiu com 214 milhões de euros para os resultados de 2020 do grupo espanhol CaixaBank, dos quais 40 milhões resultam sobretudo da participação no angolano BFA, revelou esta sexta-feira a entidade bancária espanhola.
A filial portuguesa do CaixaBank contribuiu com 174 milhões de euros e as suas actividades internacionais com 40 milhões, sendo a maior parte deste montante dividendos da participação que tem no BFA (Banco de Fomento Angola).
“A avaliação que faço da evolução do BPI em 2020 é extraordinariamente positiva”, disse Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank, em videoconferência de imprensa.
Apesar de os resultados do BPI apenas serem divulgados na próxima quinta-feira, 4 de Fevereiro, na apresentação feita já foram avançados alguns dados da instituição portuguesa.
O presidente executivo do CaixaBank considerou que tem havido “uma boa gestão dos activos problemáticos” do BPI, que no último dia do ano passado tinha 576 milhões de euros de crédito de cobrança duvidosa, menos 15,5% do que um ano antes, e um rácio de crédito malparado de 2,3%.
Por outro lado, Gonzalo Gortázar assegurou que 99% das moratórias “estão a ser cumpridas”, afirmando estar “muito confiante em como [esta questão] não vai significar um problema para o BPI em 2021”. O número de moratórias em vigor no último dia de 2020 no BPI era de 97.488 com um valor total de 5.620 milhões de euros.
Além disso, a carteira de créditos (bruto) teve uma variação de mais 5,5% ao longo do ano passado, um acréscimo de 6,6% no crédito às empresas e de 9,5% nos recursos de clientes.
Gonzalo Gortázar acredita que, como noutros países, também em Portugal há espaço para uma consolidação no sector bancário, mas assegurou que “o BPI não vai fazer parte desse processo”.
A integração do espanhol Bankia no grupo CaixaBank “não vai afectar directamente o BPI”, mas segundo o gestor vai dar à filial “uma matriz ainda mais forte, mais robusta, e uma maior protecção”.
O grupo dono do BPI obteve lucros de 1.381 milhões de euros o ano passado, uma diminuição de 19% em relação a 2019, depois de constituir provisões de 1.252 milhões para enfrentar o impacto da covid-19.
Segundo informação enviada à Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) espanhola, a instituição bancária destaca que, apesar da queda dos lucros, as receitas core, que resultam da actividade principal – rendimentos de juros, taxas líquidas e rendimentos de seguros – permaneceram praticamente estáveis, tendo diminuído apenas 0,1%, para 8.310 milhões.
No último trimestre de 2020, só a actividade bancária aumentou 2,8% em relação ao trimestre anterior e 1,7% comparativamente ao mesmo período de 2019.
O grupo bancário fechou 2020 com o maior volume de negócios da sua história: 659.332 milhões de euros, o que representa um crescimento de 7,8% em relação a 2019.