Brasil: Minoru Dondo é alvo de operação que investiga desvio de 45 milhões de Dólares do BNA.

O empresário brasileiro Valdomiro Minoru Dondo, um dos homens mais ricos e poderosos de Angola, foi alvo nesta quarta-feira, 14 de junho, da Operação Le Coq , que mobilizou cerca de 60 agentes da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro para cumprimento de quatro mandatos de condução coercitiva e 12 de busca e apreensão.
A pedido da justiça francesa, o Ministério Público Federal Brasileiro, em parceria com a PF, investiga a utilização de intermediários em contratos entre o governo angolano e empresas estrangeiras na produção de papel moeda mediante pagamento de USD 45 milhões em propina (suborno). Duas juízas francesas acompanharam a operação.
Minoru Dondo e Oscar Henrique Durão Vieira, um dos sócios do negócio, não foram encontrados pela PF, mas os agentes conduziram sob coerção, Vicente Cordeiro de Lima e Gérson António de Souza Nascimento, com quem foram apreendidos 127 relógios no valor superior a um milhão de reais .
Os quatro são acusados de participar de esquema que lesou contractos do Banco Central angolano (BNA) com a empresa francesa Oberthur, especializada na fabricação de papel moeda.
De acordo com as investigações iniciadas em França, os brasileiros, associados a angolanos e fazendo-se de representantes da Oberthur, teriam recebido comissões de 35% no valor dos contratos com o BNA, entre 2001 e 2012, à revelia da empresa francesa. Para isso, criaram uma cadeia de empresas de fachada, localizadas em Portugal e Hong Kong, que recebiam a propina ( suborno).
Em sociedade com as autoridades angolanas, Minoru Dondo construiu um império de negócios de mais de 20 empresas, tendo como cliente o governo angolano.
Em dezembro de 2011, O GLOBO publicou um perfil do empresário. À época , ele era sócio, como pesssoa física, autoridades, ex-autoridades ou pessoas próximas a dirigentes governamentais. No início desta década , as suas empresas lucravam cerca de 90 milhões de reais anuais com contratos públicos em Angola.
Minoru Dondo é ainda acusado de fechar negócios em Angola com o Ministério da Saúde, Casa Militar, Ministério das Finanças e governos provinciais, supostamente transferindo recursos para empresas suas situadas em paraísos fiscais como Ilha da Madeira, Ilhas Cayman, Suíça e Miami.
Fonte : Jornal O GLOBO