Eugénio Costa AlmeidaOpinião

Chegou o 8 de Setembro, e no day after, Charmain ou CEO?

Chegou o 8 de Setembro, e no day after, Charmain ou CEO?

O próximo fim-de-semana vai entrar no MPLA como duas das datas mais importantes do seu historial. Não só porque vai eleger, no 6º Congresso Extraordinário, o seu 4º presidente, como poderá ser o início de um novo ciclo dentro do movimento/partido.

Como se sabe, o único – pelo menos até agora conhecido – candidato à presidência do MPLA, e por sugestão antiga do ainda líder e antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, é o historiador e general na reserva e actual Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.

Nada de mais, até porque te sido esta a escola dos camaradas. Presidente do Partido é o Presidente da República, e vice-versa. Não é em vão que o MPLA tem mandado no País desde a independência, em 1975.

A questão ultrapassa a simples a eleição de João Lourenço, quer como Presidente da República – uma vez mais por sugestão, José Eduardo dos Santos –, quer para a presidência do Partido.

O pós-empossamento de João Lourenço, como o Mais Alto Magistrado da Nação, foi – e tem sido – tudo menos o que, por certo, muitos esperariam.

Alguém deve se ter esquecido de uma vassoura no seu Gabinete que a varredura que tem acontecido tem apanhado todos e mais aqueles que se julgavam intocáveis.

Por alguma razão, já recebeu o cognome de Varredor Implacável.

Ora é isso que muitos dos que ainda estão no bureau político do MPLA devem estar a temer. Aquilo que, recentemente, um centro internacional, no caso o Chathan House, referia como o Presidente João Lourenço ter rasgado o “compromisso” que teria negociado com José Eduardo dos Santos, para a Presidência da República e para o pós-eleição.

E o mesmo centro no seu relatório, alerta que, por estas alturas há “muitas espingardas” a serem contadas tendo em vista coarctar, tanto quanto possível, a força do presumível futuro líder do MPLA.

E, acrescentaria, muitos deverão estar a escrutinar todos os gabinetes, para ver se não fica nenhuma vassoura, ou similar, que permita o presumível porvir presidente do partido, João Lourenço, começar uma varredela dentro do aparelho do Partido.

Como analista, e porque até ao início dos trabalhos, tudo pode acontecer, até aparecer um outro, eventual, candidato, limitar-me-ei a seguir aos trabalhos e ver quem, no final, será o novo líder do MPLA e, principalmente, dos vice-presidente. É que todos falam na presidência, mas esquecem o principal, os vice-presidentes.

Serão este que, enquanto João Lourenço estiver, de corpo inteiro, como tem demonstrado, na Presidência da República que irão gerir, de facto ou de jure, o Partido.

Ora, as “tais espingardas” não serão só para aqueles que ponderam fazer eventual “vida negra” a João Lourenço – na assumpção que será, e tudo o assim indica, o novo líder que se sentará na Avenida Ho Chi Minhnas presidência do Partido, mas também para o futuro presidente que precisará de fazer negociações e compromissos com vista manter em equilíbrio o poder Partido/República.

Se enquanto analista, vou só seguir os trabalhos o 6º Congresso Extraordinário, enquanto cidadão, e sendo João Lourenço, Presidente eleito de todos os cidadãos angolanos, considero que, ainda que legitimamente, este seja eleito como presidente do Partido, não deveria ficar como o seu presidente, mas, segundo uma lógica empresarial em que um líder com um outro cargo – que considero não compromissável, como é o da Presidência da República – deveria deixar esse cargo para um dos seus vice-presidente, aquele em que teria mais confiança política.

Resumindo, caso o presidente do MPLA seja, como tudo o indica, João Lourenço, este deveria ficar com um cargo tipo Chairman e dar ao vice-presidente o efectivo cargo de CEO.

Veremos o que vai dar o day after ao Congresso Extraordinário do MPLA e quem serão os novos membros do politburo; porque na realidade, enquanto o presidente do Partido for o Presidente da República, este estará sempre sujeito às chantaduras políticas de quem estiver no Comité Central e no Bureau político

Eu recordo que João Lourenço quer vir a ser reconhecido não como um Gorbachev angolano, mas como o Deng Xiaoping que mudou o sistema no País.

Ora para mudar o País, e tendo em conta o já acima referido, Partido e República estão ambos no mesmo patamar de liderança, é preciso que tenha força para isso.

No País, parece que já demonstrou essa força.

Veremos se o day after trará essa força também; mais que o Partido, o País bem a precisa, porque nas costas dos outros (os que deleitavam na República) vemos as nossas e deve haver alguns que se têm aproveitado do facto e estarem em posição de relevo dentro do MPLA para, também eles, se aboletarem; e se a vassoura ou similar começar a trabalhar…

Veremos o que nos dará o day after

Provavelmente muitos preferirão um João Lourenço como Chairman e escolherem – ou procurarem escolher – alguém que seja o CEO.

*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

One Comment

  1. Bem, concordo com a ideia. Ter um vice-presidente presidente. Yah. J.Lo dedica-se a’ presidencia do pahis, e o vice do MPLA vira presidente efectivo do partido. Concordo se e tao somente se a Angela Braganca for a presidente. Assim teriamos um casal nos destinos da Nacao. A mulher limpa e arruma a casa (manda a velha mobilia para o sotao). E o homem… Poderia ser amigo e camarada, aberto ao dialogo, justo, garantir um bom futuro para os filhos… hein? Filhos???! Quem??? Quais??

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