
O analista da agência financeira Moody’s Akintunde Majekodunmi alerta que a desvalorização do kwanza , moeda oficial de Angola, pode colocar bancos angolanos e devedores sob pressão, já que 27% do crédito estará indexado ao dólar norte-americano.
“Os bancos angolanos concederam crédito em moeda estrangeira, e a moeda local, o kwanza, está a depreciar relativamente a moedas estrangeiras, como o dólar. Isto pode potencialmente colocar os devedores que pediram crédito sob pressão, especialmente os devedores que estão a receber em Kwanzas”, explicou à agência Lusa.
Desde o início do ano, o kwanza depreciou-se quase 43% para os actuais cerca de 290 kwanzas/dólar, na sequência da entrada em vigor, a 09 de Janeiro, de um novo regime cambial, com a taxa de câmbio flutuante. No início do ano, a taxa oficial estava fixada nos 166 kwanzas/dólar.
“Se uma empresa recebe em Kwanzas, mas pediu crédito em dólares, precisa de mais Kwanzas para pagar a dívida quando o Kwanza deprecia relativamente ao dólar. Por isso, a taxa de câmbio teve impacto na qualidade dos activos dos bancos “, referiu o vice-presidente e director executivo do Financial Institutions Group, da Moody’s.
Majekodunmi estima que 27% do crédito concedido por bancos angolanos seja indexado em dólar.
” Pelo facto de muitos bancos internacionais, em particular norte-americanos, já não estarem disponíveis para providenciar serviços bancários correspondentes em dólares aos bancos angolanos”, agrava a situação, disse.
Mesmo assim, o analista da Moody’s considera que a liberalização do mercado cambial, com a taxa de câmbio formada em função das ofertas dos bancos comerciais nos leilões de divisas, teve efeito positivo, tal como aconteceu no Egipto ou Nigéria.
“Se a moeda local puder ser negociada de forma livre relativamente a moedas estrangeiras, os agentes do mercado podem negociar ao valor que consideram adequado, restaurando a confiança nos mercados cambiais”, vincou.
“A redução da ‘dolarização’ do sistema financeiro angolano e a introdução de regulamentação de acordo com as normas internacionais, nomeadamente de combate à corrupção, pode ajudar os bancos internacionais a confiar de novo no sistema bancário angolano, o que é positivo “, considera Majekodunmi.
Fonte: Lusa