DestaquesPolítica

Diplomatas angolanos consideram “inadmissíveis” declarações de Manuel Augusto sobre a política interna da Guiné-Bissau

A Associação dos Diplomatas Angolanos (ADA) considerou “inadmissíveis” e um verdadeiro desrespeito à “ética e deontologia diplomática” as declarações do ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto em Lisboa sobre a situação política na Guiné-Bissau

“São inadmissíveis as declarações de Manuel Domingos Augusto, ministro das Relações Exteriores de Angola, sobre a Guiné-Bissau, constituindo ingerências directas nos assuntos internos de outro Estado independente. (…) Atenção à ética e a deontológica diplomática. Estamos a confundir diplomacia com jornalismo, correndo riscos desnecessários com essas informações musculadas”, diz a ADA em texto enviado para a comunicação social.

Ainda no mesmo texto, os diplomatas levantam várias questões sobre as declarações do chefe da diplomacia angolana.

“Até quando se continuará a admitir essas gafes grosseiras, violações de princípios que regem as relações entre os Estados? Até ele [Manuel Augusto] tomar um dia uma atitude mais grave em que lesará severamente o Estado angolano?”, questionam os membros da ADA no texto.

O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto disse esta quarta-feira, em Lisboa, que a Guiné-Bissau “não pode ficar refém de caprichos pessoais” do Presidente José Mário Vaz que, três meses após as eleições continua sem nomear o Governo.

“Não pode aquele povo da Guiné-Bissau ficar refém de caprichos pessoais. A comunidade internacional está atenta e vai aumentar a pressão “, disse Manuel Augusto.

O chefe da diplomacia angolana falava aos jornalistas à margem do encontro anual do Conselho Europeu para as Relações Exteriores, que decorreu durante dois dias em Lisboa.

“Estamos optimistas que aqueles que estão a tentar impedir o processo [democrático] na Guiné-Bissau vão acabar por desistir e dar conta que não há clima para continuarem a manter um país e um povo refém de uma pessoa”, reforçou.

Madem-G15 acusa Angola e Portugal de interferência nos assuntos internos da Guiné-Bissau.

No início do mês de Junho, o o Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (Madem -G15) apelou às autoridades angolanas e portuguesas para se absterem de “ingerir” nos assuntos internos da Guiné-Bissau.

“O grupo parlamentar do Movimento para a Alternância Democrática apela às autoridades daqueles países a absterem-se de ingerir nos assuntos internos do nosso país e respeitarem a soberania, as leis e as instituições da República da Guiné-Bissau”, referiu, em comunicado, o segundo partido mais votado nas legislativas de 10 de Março na Guiné-Bissau.

O Madem- G15 considera também que os deputados do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o seu líder foram “induzidos em erro através de uma conspiração e intriga política internacional contra o país”.

“Aos deputados em pleno exercício da democracia na casa da democracia, o Governo angolano exige sanções [na União Africana] contra os legítimos representantes do povo guineense, pensando que estamos em Angola, onde o núcleo dos direitos fundamentais são sistematicamente vandalizados”, refere o comunicado.

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading