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Ébola continua a assolar a RDC

Após 52 dias sem nenhum caso, foi confirmado um novo paciente, um homem de 26 anos de idade, que morreu na quinta-feira, tendo apresentado sintomas dias antes. O novo caso de ébola foi confirmado na sexta-feira (10) em Beni, no Leste da República Democrática do Congo, segundo autoridades locais e da Organização Mundial da Saúde (OMS), três dias antes da proclamação oficial do fim da epidemia.

Foi o próprio director da OMS divulgou esta informação.

Depois de 52 dias sem nenhum caso, as equipas de vigilância e de resposta confirmaram um novo caso. O que, infelizmente, significa que o governo da RDC não poderá declarar o fim do surto da febre hemorrágica na próxima segunda-feira, dia 13, como planeado

A organização acrescentou ainda ter equipas no terreno para aprofundar a investigação e implementar acções de saúde pública.

O paciente referido terá morrido na quinta-feira numa unidade hospitalar, tendo apresentado sintomas dias antes. O território de Beni, na província de Kivu do Norte, foi um dos epicentros da epidemia de ébola, que matou 2.273 pessoas desde a declaração oficial de início da epidemia, a 1 de agosto de 2018.

A República Democrática do Congo e a OMS tinham iniciado a contagem decrescente para o fim da epidemia de ébola logo que o último doente teve alta do hospital no início de Março.

Já esta segunda-feira, dia 13, após uma reunião de especialistas, a OMS pediu o reforço dos esforços para deter o vírus mortal, pois o recente aumento nos casos de ébola incrementa o risco de propagação para outros países.

O surto anunciado no início de Agosto tornou-se o que mais mortes provocou a seguir ao que ocorreu entre 2014-16, que matou mais de 11.300 pessoas. O Ministério da Saúde da República Democrática do Congo registou até quinta-feira 1.206 casos confirmados e prováveis, incluindo 764 mortes.

Esta foi a segunda vez que o comité de especialistas considerou que o surto ainda não é uma emergência global. O presidente do comité, Robert Steffen, afirmou na sexta-feira, dia 19, que a decisão tinha sido unânime e acrescentou que os especialistas temem que tal declaração possa prejudicar os esforços da resposta. O presidente do comité disse, ainda, que os especialistas estão “moderadamente optimistas”, acreditando que o surto possa ser controlado dentro de um “tempo previsível”.

Contudo, antes do anúncio da OMS, um alto funcionário da Cruz Vermelha disse que estava “mais preocupado do que nunca” com a possível disseminação regional do ébola. Emanuele Capobianco, chefe de saúde e de cuidados da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, citou dados do Ministério da Saúde congolês que registava 40 novos casos em dois dias na semana passada, o que, segundo o responsável da Cruz vermelha, representa uma taxa sem precedentes neste surto.

Para ser designada uma emergência de saúde pública de interesse internacional, uma situação deve ser “séria, incomum ou inesperada”, ameaçar infectar outros países e exigir “acção internacional imediata”. Este surto, que se localiza perto das fronteiras com Uganda, Ruanda e Sudão do Sul, não tem sido como os outros. Numa região que nunca tinha enfrentado um surto de ébola a desconfiança é muito grande.

Rebecca Katz, especialista global em segurança da saúde na Universidade de Georgetown, disse em comunicado que a decisão da OMS foi decepcionante, afirmando que a agência da ONU e os seus especialistas estavam “a adoptar uma interpretação muito restrita” do que constitui uma emergência internacional. E considerou muito preocupante a dificuldade de coordenar a resposta.

Antes do anúncio, Trish Newport, representante dos Médicos Sem Fronteiras em Goma, uma grande cidade perto do surto, afirmou que declarar uma emergência global não ajudaria necessariamente a parar a epidemia. “Maior não é necessariamente melhor”, disse pedindo também uma nova abordagem, pois após nove meses da mesma estratégia “a epidemia definitivamente não está controlada”.

A organização Médicos Sem Fronteiras está a pedir que os doentes sejam tratados nos centros de saúde existentes, em vez de nas clínicas especializadas em ébola: “É claro que as pessoas não gostam nem confiam nos centros do ébola e que não serão tratadas.”

Segundo Newport, 75% dos novos casos de ébola não têm ligação óbvia com doentes anteriores, o que significa que as autoridades perderam a noção de por onde o vírus se está a espalhar.

Anteriormente foi declarada emergência internacional para o surto de ébola em 2014 na Serra Leoa, Libéria e Guiné, no surgimento do vírus zika nas Américas e na tentativa internacional de erradicar a poliomielite. Mas a OMS foi criticada por só declarar como emergência internacional o surto de ébola de 2014 quando quase 1.000 pessoas tinham morrido e a doença se tinha espalhado além-fronteiras.

Tariq Riebl, habitante de Butembo, o actual centro do ébola segundo o Comité Internacional de Resgate, disse que um grande obstáculo para travaro surto é as autoridades desconhecerem o número total de casos de ébola.

“Estamos a descobrir casos quando já é tarde demais”, afirmou, observando que numerosos corpos foram enterrados em segredo e nunca relatados às autoridades. “Dado o número médio de casos que estamos a ver agora, o surto vai durar, pelo menos, mais seis meses.”

Com AFP e France 24

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