Empresários angolanos e portugueses defendem reforço da cooperação para potenciar sector das pescas

Empresários de Angola e Portugal analisaram nesta segunda-feira, 20 de Maio, na Gare Marítima de Alcântara em Lisboa, o reforço da cooperação empresarial e o incremento de parcerias durante o Fórum de Empresários do Sector das Pescas, que decorreu sob o lema “empresários portugueses e angolanos juntos para uma cooperação sustentável do Mar.
Discursando na abertura do fórum, o embaixador de Angola em Portugal, Carlos Alberto Fonseca, defendeu que a diversificação da economia no país “passa necessariamente pelo fortalecimento do sector das pescas” e defendeu o estabelecimento de parcerias entre os empresários dos dois países.
“Penso que as parcerias são bem-vindas e necessárias, para que os empresários dos dois países possam conjugar esforços e obter resultados ainda melhores. (…) A diversificação da nossa economia passa necessariamente pelo fortalecimento do sector das pescas, tendo em conta as potencialidades que Angola tem”, disse o diplomata angolano.
Maria Antonieta Baptista, ministra das Pescas e do Mar de Angola destacou a importância do encontro, numa altura em que o país está a “lançar um novo paradigma” do sector e lançou um apelo aos empresários portugueses para investirem em Angola.
“Temos grandes oportunidades de negócios, nova legislação de investimento, nova legislação de vistos e estamos à altura de receber os empresários portugueses para tornar Angola um grande potencial em termos de pescas”, adiantou.
Para Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, a ideia é criar mais oportunidades de negócio para o sector das Pescas e transformação de pescado, mas também contribuir para o crescimento da economia do mar .
“Vai existir cooperação em todas as áreas do Mar, pescas e aquicultura, transformação do pescado. Por um lado, teremos ao nível do sector público cooperação na formação e ao nível do sector privado daremos todo o apoio para que possam ser estabelecidas parcerias entre empresários angolanos e portugueses, com a possibilidade de criar empresas mistas. (…) Criar mais oportunidades para o sector das Pescas e transformação de pescado, mas também contribuir para o crescimento da economia do mar em Angola e Portugal”, afirmou.
Empresários de Angola e Portugal pedem reforço da cooperação e aumento do investimento no sector das Pescas e do Mar.
Adérito Areias, salineiro e armador de pesca industrial, foi um dos principais oradores do fórum em que esteve também a representar a Associação dos Armadores de Pesca Industrial de Benguela. Defendeu novas “formas de olhar o Mar” e políticas em torno do desenvolvimento sustentável.
“Acho que este encontro foi extremamente positivo. Foi importante analisar as grandes dificuldades que ainda enfrentamos neste mundo que é o Mar, e também a forma como temos de olhar para ele, evitando problemas no futuro. (…) Hoje a diversidade de pesca está a diminuir, portanto é preciso olhar para isso. Estamos aqui a fazer contactos com algumas fábricas, no caso, fábricas de redes, de cabos e de conserva de peixe. Estamos a estabelecer contactos e a levar negócios para a província de Benguela”, avançou.
O empresário angolano defendeu ainda a necessidade de criação de mecanismos que permitam a exportação de produtos nacionais para o mercado português.
“Este ano serão produzidas em Angola, 400 toneladas de sal e gostaríamos que parte dessa produção fosse exportada para Portugal. Acredito que podemos juntar sinergias e fazer coisas boas tanto para Angola como para Portugal”, concluiu.
O Grupo AST (African Selection Trust) conta com mais de 2.000 trabalhadores repartidos pelas províncias de Luanda, Benguela e Namibe, sendo um dos maiores empregadores do sector das pescas em Angola. Herivaldo Augusto é o director do grupo e fez um “balanço positivo” do fórum e acredita num “novo impulso” nas relações entre os empresários dos dois países.
“O balanço é positivo. É a segunda visita que efectuamos à convite do Ministério das Pescas e do Mar e já estivemos há dois meses na Rússia . Nesta visita a Portugal, achamos que dada as sinergias existentes entre os dois países, podemos colher experiências de empresários e associações portuguesas para dar o impulso que precisamos, bem como redimensionar algumas das actividades realizadas em Angola”, afirmou o empresário.
A Associação dos Armadores das Pescas Industriais de Portugal (ADAPI), esteve representada por Pedro Jorge da Silva, que apresentou estratégias para o reforço do investimento e aumento da estabilidade comercial entre os empresários de Angola e Portugal.
“Nós estamos muito expectantes com o percurso que Angola está a fazer. Penso que estão numa fase de estabilidade, e havendo estabilidade, portanto, há um clima que se torna mais amigo e propício ao investimento. Foram feitas alterações legislativas em Angola que nos ajudam. (…) Falta vencer algumas barreiras. É preciso fazer-se um censo de pesca para conhecermos o estado dos recursos e a frota existente”, realçou o responsável associativo.
De Angola estiveram presentes vinte empresários, além de representantes de associações sectoriais e de empresas públicas.