
A União Europeia (UE) apelou ao Governo e à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) para a concretização rigorosa do acordo entre as partes envolvidas, que garanta uma paz definitiva.
“Reiteramos a importância da implementação do acordo de paz definitiva para garantir estabilidade duradoura no país”, lê-se num comunicado da UE distribuído dia 5, após a 28.ª sessão de Diálogo Político com o Governo.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, assinaram em 6 de Agosto de 2019 o Acordo de Paz e Reconciliação, que prevê, entre vários aspectos, o desarmamento do braço armado do principal partido de oposição em Moçambique.
No comunicado, a UE salientou o seu apoio ao cumprimento do calendário definido para o processo de desmobilização, desmilitarização e reintegração (DDR) do braço armado da Renamo.
Entre quinta-feira e sabado, pelo menos 38 guerrilheiros entregaram as armas no âmbito do processo.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, empossou Aníbal Rafael Chefe, um oficial da guerrilha da Renamo, no cargo de director do Departamento de Comunicações no Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Em 3 de Dezembro do ano passado, 10 oficiais da Renamo passaram a incorporar as fileiras do comando-geral da polícia moçambicana, no âmbito do processo de pacificação.
No Centro de Moçambique, desde Agosto do ano passado, os ataques armados, atribuídos à autoproclamada Junta Militar da Renamo, têm visado forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região, tendo causado, pelo menos, 24 mortos e vários feridos, além da destruição de veículos.
A UE acrescenta ainda na nota que as duas delegações abordaram a situação da violência armada em Cabo Delgado, os seus efeitos em Moçambique bem como as implicações regionais.
“As delegações condenaram os ataques terroristas perpetrados nesta província”, acrescenta a UE no comunicado.
Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataque desde Outubro de 2017, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Desde há um ano, o grupo jihadista Estado Islâmico passou a reivindicar algumas das incursões.
Em dois anos e meio de conflito, estima-se que já tenham morrido, pelo menos, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afectadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens.
Fonte: Mundo Lusíada