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General José Maria cria embaraços ao ex-Presidente José Eduardo dos Santos

Com o filho José Filomeno a aguardar julgamento e a filha Isabel dos Santos receosa de voltar ao país, o desassossego volta a bater à porta do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. O seu antigo chefe dos Serviços de Inteligência Militar (SIM), general José Maria, protagoniza um caso de alegada insubordinação militar e apropriação indevida de documentos da segurança do Estado.

A Procuradoria Militar fez buscas à Fundação Eduardo dos Santos (FESA) e instaurou um processo-crime contra aquele que foi um dos mais temíveis chefes de segurança militar no consulado de Eduardo dos Santos. Dizendo-se “voz e ouvidos” do ex-Presidente, o oficial jubilado é acusado de se ter recusado a passar a pasta ao sucessor e de ter escondido em casa um vasto leque de documentos confidenciais.

“É a imagem de arrogância de gente que, julgando-se eternamente intocável, insiste em recorrer aos velhos métodos para perpetuar o seu autoritarismo”, disse ao Expresso fonte da Procuradoria Militar.

O general José Maria terá alegado que só deve obediência a quem o nomeou: José Eduardo dos Santos.

José Maria já criara mal-estar na estrutura castrense ao reivindicar uma proeminência que não lhe é reconhecida. O militar publicou artigos no “Novo Jornal” que foram interpretados como provocação à nova liderança de Angola.

As dores de cabeça de José Eduardo dos Santos

“Quis branquear o seu papel”, afirma, agastada, fonte do Estado-maior das Forças Armadas Angolanas. Uma equipa da Procuradoria Militar fez, sem sucesso, uma busca a casa do general.

“Depois de ter retirado de casa os documentos encaixotados que pretendíamos resgatar, encaminhou-os para um lugar inacessível à justiça”, denunciou fonte dos serviços de informações militares.

À revelia do seu patrono, o lugar escolhido seria nada mais nada menos do que a FESA. É ali, apurou o Expresso, que José Maria ocupa o tempo depois de ter sido convidado pelo antigo Presidente, José Eduardo dos Santos, para colaborar na organização de um centro de estudos que aglutina documentos que retratam os seus 38 anos de governação.

Um ex-aliado de José Eduardo dos Santos pensa que este “perdeu o controlo do país, deixou de controlar os filhos e, pelos vistos, também já não controla a FESA”.

“Com tanta dor de cabeça, o homem não merecia que lhe causassem mais arrelias utilizando a fundação como escudo”, afirma fonte ligada à FESA.

José Eduardo dos Santos terá aconselhado o general José Maria a devolver os documentos.

O advogado de José Maria desdramatiza, assegurando ao Expresso que o seu cliente prestou todos os esclarecimentos que se impunham.

“Não há documentos confidenciais, o que recolheu e levou para a casa são elementos históricos que fazem parte de um trabalho de investigação militar, histórica e científica relacionado com as grandes batalhas militares que ocorreram em Angola na zona do Cuito Cuanavale e que está a compilar em livro”, disse Sérgio Raimundo

Constituído arguido e ouvido pela Procuradoria Militar, o general José Maria aguarda agora a conclusão da instrução do processo.

Fonte: Expresso.

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