Cronistas

Guerreiros das picadas

Os anos das décadas de 40 a 60, Angola, primeiro como colónia, depois como província, progredia lentamente.
 
As estradas eram, na sua maior parte,  todas de terra batida, algumas delas pouco mais que picadas.
 
Uma viagem, em carro ligeiro ou pesado, fosse qual fosse, transformava-se numa autêntica aventura. Sabiamos qual o dia e a a hora departida, nunca sabia-mos, a hora de chegada, muito menos era possível recorrer a alguém ou algum local, para resolver esta ou aquela avaria ou para se pernoitar umas horas necessárias ao descanso.
 
As viagem pelo interior eram cheias de peripécias, desenrascansos e por vezes aconteciam tragédias. Estes trilhos ou  picadas, inundavam-se com frequência, as pontes feitas de diversos materiais, paus, tábuas, barrotes… tudo servia para transpor pequenos rios ou valas, os grandes rios, utilizava-se as jangadas, igualmente de construção rudimentar, que se foram aprefeiçoando com o tempo. Só deus sabia se era possível passar para o outro lado, as sinalizações nada tinham a ver com um código de estradas, em vigor na altura, mas esses sinais que cada um colocava , eram perfeitamente entendíveis e compreendidos por todos. Tais como um capim amarrado nas margens, um peneu velho, um pedragolho, avisava a escolha do caminho mais certo, nos trilhos que iam aparecendo pela frente, só um deles nos levava ao local certo, pois, todos os outros,  encontravam-se alagados, outros cheios de lama, que provocavam enterranços, ficando por ali diversas horas, ou a espera de algum socorro que não era certo aparecer naquele dia ou nos dias mais próximos.
 
Poe Angola fora, de norte a sul, eram numerosos os exemplos de autênticos heróis das estradas, que em aventura permanente, levavam a carta a Garcia. Dou por exemplo: quem durante as décadas já  referidas, percorrer os espaço Malanje a Luanda, levava nos melhores dias,  seis a oito dias.
 
Estes guerreiros das estradas, a que se faz pouca justiça, tem e terão sempre, lugar na história de Angola e a quem o país deveria prestar uma homenagem, ergendolhes um monumento perpetuando a sua coragem muitas vezes escrita com suor, lágrimas e sangue.
 
Pois, eram as  cargas dos seus camiões que vivia a seiva do progresso  daquele imenso território onde não chegavam outros meios de comunicação, eram um  elo de ligação, muitas vezes único, entre as cidades e os locais  longícuos, era através deles que chegavam alimentos, novidades, correio, familiares … uma luta onde todos os obstáculos tinham que ser  vencidos, fizesse sol  ou chuva, fosse noite ou dia.
 
Obrigado guerreiros das picadas
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