Cronistas

Isto não anda bem!

O processo eleitoral que agora terminou veio mostrar que isto não anda bem. Ao longo de meses e até agora foram muitos os questionamentos, protestos, reclamações, dúvidas, desconfianças, acusações, contestações.

Isso aconteceu porque havia base material para assim suceder em grande parte dos casos. Por isso, após as eleições, ficou um mal-estar generalizado, umas vezes difuso, outras profundo, que atinge toda a sociedade angolana, independentemente das suas cores partidárias.

Tal acontece quando o país precisa de estar mobilizado para resolver as várias crises de que sofre e partir para a construção dum estado de progresso, justiça social e liberdade dos cidadãos.

Sou de opinião que, em vez de deixarmos cristalizar recriminações mútuas e ressentimentos, este é o momento de reflectirmos profundamente sobre  o estado do país e as vias do futuro. Uma gigantesca tarefa que convoca os actores políticos e os numerosos elementos dos diversos sectores da sociedade civil.

O conturbado período que acabámos de viver forneceu indicações preciosas. Uma delas, e fundamental, é que algumas das actuais instituições não suscitam a necessária confiança em largos sectores da sociedade angolana.

Portanto, uma reflexão sobre o estado do país implica começar-se por aí. Porquê? Porque toda a actividade do Estado, da economia, dos cidadãos precisa de um quadro institucional transparente na sua composição e na sua acção, para funcionar como eficaz e confiante regulador do Estado em todos os aspectos da vida nacional.

Não podemos por muito mais tempo, enterrar a cabeça na areia e fingir que não há cruciais problemas institucionais a resolver, resultantes da Constituição de 2010 e da concepção monopolista do poder do partido que tem dirigido o país desde a proclamação da independência. Na verdade, isto não anda bem. Não tenhamos medo de enunciar os problemas que o país e as suas gentes enfrentam. Não receemos saber o porquê dos factos. Tenhamos a coragem de abordar, debater e tentar resolver as questões que se levantam, sejam elas de que tipo for. Agir assim é ser patriota.

 

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