Especial João LourençoEugénio Costa AlmeidaOpinião

João Lourenço em Portugal e as expectativas

No final desta semana um Presidente de Angola, ao fim de, talvez, mais de uma década , visitará Portugal trazendo com ele imensas expectativas quanto à sua visita.

Serão, provavelmente, os 3 dias mais longos e intensos da Magistratura de João Lourenço.

Provavelmente, não será tanto pelas recepções oficiais, pelas entregas das pesadas chaves das cidades de Lisboa e do Porto, pelos convénios que irá assinar – até agora só me recordo de um convénio que irá ser assinado nesta visita, a Convenção que terminará a dupla tributação entre Portugal e Angola (ver artigo do VPN de hoje) – mas pelo contacto que vai ter com a Diáspora nacional.

Sei que vai estar com a Comunidade em Lisboa e no Porto. Não me perguntem onde, porque disso não tenho conhecimento.

Continuo com a sensação que, apesar de todas as aberturas que o Presidente João Lourenço já deu mostras de querer fazer avançar e solidificar, há factos que continuam difíceis de serem digeridos pelos líderes das comunidades no exterior: todos são angolanos, independentemente da sua cor ou tendência política, ou seja, independentemente de terem ou não o cartão do partido no Poder, todos estamos dispostos a estar e falar com o Presidente.

Talvez, a preocupação seja essa. Que alguém ou alguns façam perguntas incómodas e impertinentes ao Presidente, o que não me parece. Sempre ouvi dizer, aos Mais Velhos da nossa Terra, apesar de ser uma frase muito comum entre os lusitanos «cuidado com as perguntas incómodas ou impertinente», que não há nem perguntas incómodas, nem questões impertinentes. O que há, ou pode haver, são respostas incompletas ou impertinentes.

E João Lourenço já deu mostras de não temer qualquer pergunta, como também já mostrou que sabe responder com frases que podem ser lidas como incómodas ou impertinentes por uma certa linha ortodoxa que ainda impera no País.

Pois vai ser uma visita replecta de expectativas. O que trará para as relações entre os dois Países, como será o contacto com a colorida multiplicidade do mosaico que constitui a nossa Comunidade em Portugal e se não serão trazidos à tona na visita certos óbices jurídicos – porque ainda os há, como os casos do repatriamento ou identificação de capitais e outros veículos capitalizáveis ou, recordando a visita da euro-deputada Ana Gomes a Luanda, por outra personalidade, a questão da dupla nacionalidade de alguns dos possíveis visados nessa questão que possa impedir esse repatriamento.

Repito, são várias as expectativas que a visita trará. Aqueles que puderem estar com o Presidente, ficarão satisfeitos por o abordarem ou poderem falar com ele. Mas. Como avisa um amigo meu e ilustre jornalista nacional, não o olhem como o Messias.

É o mais alto representante nacional que procurará estabelecer linhas de convivência futura entre Portugal e Angola, visando a satisfação dos mútuos interesses, sejam, políticos, sociais e, principalmente.

*Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**

** Todos os textos por mim escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado

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