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João Lourenço implacável com José Eduardo dos Santos

Há um legado de José Eduardo dos Santos que tem de ser apagado, apesar das palmas , dos agradecimentos e da medalha que lhe foi dada no congresso do MPLA onde deixou de ser presidente do partido e foi eleito para o lugar, por 98,59% dos votos, João Lourenço, Presidente do país.

No discurso directo ao assunto que fez a encerrar os trabalhos, João Lourenço nomeou os problemas de Angola, os mesmo problemas do MPLA, que governa o país desde a independência, em 1975 e não tentou sequer suavizar as culpas do seu antecessor na liderança do partido e do país.

“Temos todos consciência de que só construiremos um futuro melhor se tivermos a coragem de corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”, disse, antes de nomear os males.

“A corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade que se implantaram no nosso país nos últimos anos e que muitos danos causam à economia, porque minam a reputação e a credibilidade do país “.

A sala do congresso, que a televisão estatal TPA, e a privada TV Zimbo transmitiram em directo, rebentou em aplausos, mas as palavras seguintes de João Lourenço puseram muita gente em pé .

“Estes males são o inimigo público número um contra o qual temos o dever de lutar e vencer. Nesta luta, o MPLA deve assumir o papel de líder, mesmo que os primeiros a tombar sejam altos militantes e altos dirigentes do partido (…), os que tenham cometido crimes ou que, pelo seu comportamento social, estejam a sujar o bom nome do partido”.

Pouco antes do curto discurso de João Lourenço, assistiu-se a uma cerimónia de passagem de testemunho, com José Eduardo dos Santos a passar a João Lourenço uma tocha vermelha e amarela, as cores do partido. Uma voz off ia dizendo que ali estava o exemplo da transição pacífica do poder no MPLA. Foi pacífica no cerimonial e no discurso que abriu o congresso e que foi feito por José Eduardo dos Santos, em que assumiu que, como toda a gente, cometeu erros, mas sai “de cabeça erguida”.

A herança de Neto e a memória de Ilídio Machado e Mário Pinto de Andrade

Porém, João Lourenço não quis deixar que o congresso fosse uma cerimónia de homenagem ao percurso e muito menos ao legado do antecessor. Agradeceu-lhe, porque “trouxe a paz e a reconciliação entre irmãos desavindos”. Mas foi a herança de Agostinho Neto que lembrou de forma mais demorada. “Homenagear Neto é algo que deve acontecer todos os dias das nossas vidas”, disse João Lourenço sobre o primeiro Presidente de Angola. Garantiu que no centenário de Neto, a 17 de Setembro de 2022, acontecerá uma “homenagem maior”.

O conclave, segundo a sua resolução final, decidiu que o MPLA deverá homenagear, em tempo oportuno, Ilídio Machado e Mário Pinto de Andrade. O MPLA passa a contar, assim, oficialmente, na sua história, com cinco presidentes, nomeadamente Ilídio Machado, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos e, doravante, João Manuel Gonçalves Lourenço.

“Agradeço o facto de a Direcção do Partido ter apostado mais uma vez na minha pessoa como candidato ao cargo de presidente do MPLA, e de ter merecido o voto de confiança da grande maioria dos delegados deste congresso, em representação de toda a massa militante, que acaba de me eleger como o quinto presidente do Glorioso MPLA, depois de nomes como Ilídio Tomé Alves Machado, Mário Coelho Pinto de Andrade, António Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, para os quais peço uma efusiva salva de palmas”, afirmou João Lourenço.

Fonte: Público

One Comment

  1. Obrigado camarada João Lourenço, o povo esta contigo em particular eu e a minha família, contamos contigo. Por outra começa a se contar a história verdadeira do MPLA.

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