CronistasZeferino Boal

O desporto do espaço de Língua Portuguesa

Assumimos que a igualdade de cidadania nos países de expressão em língua portuguesa não é de todo equilibrada, não nos referimos à questão socioeconómica, porque nesse aspeto continuará sempre a existir ricos e pobres, apesar de ser possível trabalharmos para a diminuição das assimetrias que existem.

Por norma olhamos para o desporto pela natureza competitiva esquecendo que antes daquele patamar, há de igual modo a atividade física e de lazer, daí derivam os melhores para a competição de diferentes níveis.

O desporto também é um instrumento de paz, mas não deixa de ser um espetro dos problemas sociais sejam eles no campo do racismo ou do esclavagismo dos menos instruídos e com menores conhecimentos, que tornando-se profissionais e com qualidade são subordinados a padrões de vida difícil em muitos casos.

Não vamos analisar a falta de humanismo em certas áreas do desporto profissional, queremos, chamar a atenção, para um acontecimento recente.

A contratação de um treinador de grande categoria português para um clube de futebol no Brasil tem provocado comentários dos mais díspares e xenófobos por uma parte daquele grande país e potência no mundo futebol. No entanto, para Portugal já vieram bons técnicos brasileiros e os comentários não tiveram esse impato.

Estamos perante uma atitude de superioridade por parte de alguns que não aceitam a livre circulação de profissionais da atividade com liberdade de escolha e que também pode acontecer no sentido inverso ao normal.

Mas, analisemos outras situações. Aceita-se de forma fácil que um jovem com origens africanas e que possua boa qualidade venha a representar a seleção portuguesa em qualquer modalidade em especial no futebol, mas quando surge um brasileiro nessas condições os comentários tornam-se exagerados.

Também ocorre com alguma dificuldade que atletas com origens africanas e com uma qualidade que não lhes permita aceder por exemplo à seleção de Portugal, não são facilmente aceites para integrar o país africano donde possuem raízes.

Poderíamos dar inúmeros exemplos da hipocrisia no humanismo desportivo, e não se trata de questões racistas, mas sim do comportamento do ser humano.

Somos claros defensores, da livre circulação de pessoas no espaço em língua portuguesa e em todas as áreas há muito fazer e sensibilizar, para que na prática se concretize o que diz somos uma comunidade de afetos e de povos iguais uns aos outros.

Também no desporto a cooperação entre os países de língua portuguesa tem e deve ser aprofundada e não basta organizar os denominados “Jogos da CPLP, porque a mensagem daqueles jogos não chega devidamente ao povo em geral.

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