Economia

Leilão de divisas pelo banco central angolano termina sem impacto na taxa de câmbio

O Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu hoje 225,6 milhões de dólares (184 milhões de euros) em divisas aos bancos comerciais, no quinto leilão do novo regime flutuante cambial, o primeiro sem qualquer impacto na taxa de câmbio oficial.

De acordo com informação do BNA consultada pela Lusa, o leilão de hoje permitiu colocar no mercado primário o montante previsto, para cobertura de cartas de crédito com o objetivo de assegurar a importação de matéria-prima, peças e equipamentos para a indústria transformadora, “incluindo alimentar e bebidas e prestação de serviço ao setor petrolífero”.

“Desta sessão não resultou qualquer alteração da taxa de câmbio”, refere o BNA.

No leilão anterior, realizado a 30 de janeiro, o kwanza angolano voltou a sofrer uma depreciação, desta vez de 1,7%, face ao euro, abaixo das limitações introduzidas pelo banco central para travar a especulação cambial.

Desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de Angola, no novo regime flutuante cambial, a 09 de janeiro, a moeda angolana já acumula uma depreciação de 28% para o euro, que vale – hoje não sofreu alteração – 258,038 kwanzas na compra (pelos clientes), e 20% para o dólar, que vale 209,1 kwanzas, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nas taxas cambiais divulgadas anteriormente pelo BNA.

Estas taxas de câmbio resultaram do quarto leilão de divisas efetivado pelo BNA em 2018, realizado a 30 de janeiro.

Tratou-se igualmente do segundo leilão consecutivo em que a depreciação do kwanza face ao euro ficou abaixo dos 2%.

Nos dois leilões concluídos anteriormente a estes, o valor da depreciação, em cada, foi superior a 10%, para o euro (e por consequência para o dólar norte-americano).

No leilão de divisas de hoje voltaram a ser aplicadas, pela terceira vez, as novas regras, anunciadas há quase duas semanas pelo governador do BNA, José de Lima Massano, alterando os limites das propostas que podiam ser apresentadas pelos bancos, que depois são utilizadas para formar a taxa de câmbio do kwanza face ao euro.

O próximo leilão para venda de divisas está programado para 12 de fevereiro, “para cobertura de operações de diversos setores”, indicou o BNA.

A 18 de janeiro, um outro leilão ao abrigo deste modelo – em que os bancos apresentam propostas de compra de divisas em kwanzas – foi suspenso pelo BNA, por as propostas terem ultrapassado o limite máximo (da cotação) definido pelo banco central para estas vendas, acima dos 300 kwanzas por cada euro.

Na reação, o BNA convocou os bancos comerciais para uma reunião, no dia seguinte, e revelou os novos contornos do modelo de leilão de divisas (euros), em que as propostas da “margem máxima” sobre a taxa de referência – ou seja o valor que os bancos podem colocar como apreciação ou depreciação da taxa de câmbio -, “não pode ser superior nem inferior a 2%”.

“Significa que em qualquer um dos leilões, a variação máxima que poderá acontecer será de 2%, não mais, não menos”, avançou o governador do BNA, no final daquela reunião.

Além das limitações impostas à apresentação de propostas nos leilões, para evitar fortes depreciações súbitas, e numa aparente medida para travar a especulação com o novo modelo de aquisição de divisas, o banco central mexeu na componente de venda de divisas aos clientes dos bancos comerciais, em notas, que deixou de ser de câmbio livre.

“Nós tínhamos até aqui uma margem máxima de 3% para as operações comerciais e tínhamos, para as notas, um câmbio livre. Nós estamos a unificar os mercados, de divisas, de notas, e doravante (…) a margem máxima de comercialização é de 2% sobre a taxa de câmbio de referência que é publicada pelo BNA”, esclareceu anteriormente o governador do banco central.

No modelo cambial anterior, até 09 de janeiro, a cotação era fixada diretamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano.

O novo regime flutuante cambial começou a ser aplicado numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, inferiores a 12.000 milhões de euros, devido à crise da cotação do petróleo.

Fonte: Lusa

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