
O grupo Lusovini vai avançar com um investimento para produzir uvas de mesa em Angola, um mercado em que está presente há oito anos através de uma empresa de direito local que faz a distribuição de vinhos portugueses em todo o território.
O projecto vai ser apresentado durante a visita do primeiro-ministro, António Costa, a Angola, agendada para 17 e 8 de Setembro.
O presidente do grupo de Nelas, Casimiro Gomes, adiantou ao Negócios que até ao final do ano vai ser montado um campo de ensaio de 12 variedades numa zona agrícola da região de Viana, nas imediações de Luanda. Identificadas as espécies mais produtivas, “já fizemos estudos de mercado; esta é mais uma questão biológica”, a partir de 2020 vai aplicar até dez milhões de dólares (8,56 milhões de euros) na plantação de videiras em larga escala, numa herdade de 800 hectares nas margens do rio Lwei, afluente do Kwanza.
“Existe um problema real de falta de divisas em Angola e as uvas de mesa são produtos com capacidade exportável. E a particularidade de ser um clima subtropical com duas vindimas por ano faz com que possamos colocar videiras a produzir em dois períodos [ Maio-Julho e Novembro -Janeiro] em que não há uvas nem no hemisfério norte nem no sul”, justificou o empresário.
É que as primeiras produções visam satisfazer o apetite angolano, pois, o país importa milhares de toneladas de uvas de mesa da África do Sul. A intenção de Casemiro Gomes é “passar rapidamente a exportar boa parte” do produto para os países mais próximos, como a República Democrática do Congo, e até mais além .
“Queremos a produção com padrão europeu porque se tivermos uvas de qualidade e em alturas com falta de oferta, então temos o mercado global à disposição”, acrescentou.
Criada em 2009 e liderada por este viticultor de formação e fundador da Dão Sul, a Lusovini assegura 75% do negócio no estrangeiro, exportando para 42 países um total de 96 referências (26 detidas pelos nove parceiros produtores) de vinhos do Dão, Alentejo, Douro, Porto, Verdes, Bairrada e Tejo.
Além de Angola, tem empresas próprias nos EUA, Moçambique e Brasil, e um escritório na China.
“Se há país que gosta de Portugal é Angola”
O empresário Casimiro Gomes elogia mudança nos vistos e sinais políticos.
Conhece Angola há duas décadas. Que evolução nota ?
No início levei água na mala! Quem chega pela primeira vez sente o choque; para quem conhece, a evolução é fantástica. Hoje o ambiente de negócios é muito mais favorável. Há 10 anos só lá iam os menos competentes; agora há muitos expatriados jovens com formação. E já ser possível tirar o visto no local mostra como no último ano foram tomadas boas decisões.
Quais as expectativas como investidor português?
Tenho empresas e contacto com pessoas de todo o mundo. Se há país que gosta de Portugal é Angola, apesar do ruído que às vezes existe . Sentimo-nos confortáveis .
Como encara esta visita ?
Já devia ter acontecido há muito. A confirmação [de João Lourenço] sobre a ida a Lisboa é importante para as empresas dos dois países. A vida empresarial também se rege por estes sinais [políticos].
Fonte: Jornal de Negócios