
O Banco Millennium-Atlântico, protagonista da primeira grande fusão em Angola, fechou o ano 2018 com resultados líquidos de 100 milhões de euros, tendo contribuído com mais de 21 milhões de euros para o resultado consolidado do português BCP.
Apesar das adversidades impostas pela crise que atinge a economia angolana, o banco que resultou da fusão tem conseguido ter um papel relevante no reforço do posicionamento no top 5 dos maiores bancos angolanos, consolidando a sua posição como um dos maiores bancos locais com maiores fundos próprios e como o principal banco privado no financiamento às famílias e empresas.
As sinergias “vão permitir-nos este ano reforçar o crescimento sustentado da nossa actividade e o robustecimento do nosso balanço”, garante fonte do conselho de administração do banco angolano.
Com o capital próprio, que ascende a 655 milhões, os accionistas deliberaram reforçar a concessão de crédito para apoio à diversificação da economia, em linha com a estratégia do Executivo angolano.
Isso passa por não distribuir dividendos, como disse ao Expresso Daniel Santos, presidente da Comissão Executiva do Banco Millennium-Atlântico.
Alinhados com o contexto e comprometidos em aumentar a nossa capacidade de impactar na nossa economia com a concessão de mais crédito, propusemos e os accionistas optaram por não receber os lucros
O mesmo afirma outra fonte da administração do banco: “Vale mais termos uma posição sólida numa geografia onde Portugal tem interesses e que pode alavancar novas pontes de negócios entre as empresas portuguesas e consolidar o balancete do que viver obcecado unicamente com a distribuição dos lucros.” Para a liderança do Atlântico, “o mais importante é o reforço do posicionamento do BCP no seu relacionamento com Angola”.
A fusão entre os dois bancos permitiu ao Millennium-Atlântico ter acesso a divisas, em contraponto com a maioria dos bancos a operar no sistema bancário angolano, alguns dos quais suspeitos de ter estado envolvidos em operações de lavagem de dinheiro, fuga de capitais e financiamento do terrorismo.
A projecção do Millennium-Atlântico junto da banca internacional, em 2018, acabou também por conhecer uma nova dimensão com o aumento, para cerca de 30, do número de novos bancos no estrangeiro como correspondentes, como disse fonte da Comissão Executiva.
Assistimos também ao incremento das relações com contrapartes, traduzido na aprovação de linhas de financiamento junto do Internacional Finance Corporation e do Commerzbank
Mantendo um forte compromisso com a mudança, o Millennium-Atlântico consolidou igualmente a sua posição de líder, entre outros bancos privados, no financiamento aos agentes económicos.
Depois de ter atingido uma quota de mercado de 13% em trade finance com um crescimento de 25% face ao anterior e de ter alcançado uma cifra de 13% em termos de crescimento do volume de negócios, o banco continua a ter como prioridade o acompanhamento próximo da sua carteira de crédito para encarar a sua missão sem sobressaltos. Com um rácio de transformação de 48%, ou seja, o rácio entre crédito e depósitos, a estratégia do banco está virada para a redução do rácio do crédito vencido que está fixado em menos de 10%.
Outra preocupação prende-se com a necessidade de estancar o crédito em risco, que atinge os 15%, e de manter as negociações em curso para que o banco possa continuar a recuperar muito bens imóveis hipotecados.
Enfrentar com tranquilidade o processo de avaliação da qualidade dos activos dos bancos dos bancos determinado pelo Banco Nacional de Angola por imposição do FMI é outro dos desafios do Millennium-Atlântico.
A universalidade tem sido, por outro lado, reforçada através da sua visão digital, com uma base de clientes que, atravessando todos os segmentos ascende a mais de 1,3 milhões de pessoas. A sua liderança neste eixo do negócio bancário foi potenciada com a disponibilização do ABC digital, que permite abertura da conta no telemóvel ou tablet, como concluiu fonte da direcção da área digital do banco.
Fomos pioneiros na implementação da primeira máquina de depósitos em Angola, tendo em 2018 sido concluído o onboarding digital (registo de clientes) e, para todos os pontos de atendimento
Fonte: Expresso.