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Ministro de Tony Blair terá sido pago para ajudar Álvaro Sobrinho em Londres

A empresa de consultoria de um antigo ministro do Governo de Tony Blair e actual membro da Câmara dos Lordes no Reino Unido, Paul Boateng, terá recebido centenas de milhares de euros em serviços prestados quando o seu único cliente era uma companhia offshore que Álvaro Sobrinho terá usado para desviar pelo menos 42 milhões de euros do Banco Espírito Santo Angola (BESA) na época em que era o seu CEO.

De acordo com uma investigação do European Investigative Collaborations (EIC), uma rede de que o jornal Expresso faz parte, Boateng criou uma empresa de consultoria pouco meses depois de se tornar administrador e mais tarde chairman de uma organização não-governamental de Álvaro Sobrinho, o Planet Earth Institute (PEI). Sendo que, entretanto, o político britânico declarou como cliente a World Property, uma de muitas companhias offshore do então CEO do BESA .

A coincidência temporal entre o trabalho pro bono, a favor de uma entidade sem fins lucrativos que oficialmente defende o desenvolvimento de África, e os pagamentos paralelos através de uma offshore levanta dúvidas sobre se Boateng não estaria a ser pago de forma camuflada para fazer lobby pessoal a favor de Álvaro Sobrinho.

A World Property foi incorporada a 28 de outubro de 2011 no Luxemburgo tendo como accionista Álvaro Sobrinho e como único objectivo investir em imobiliário, tendo estado envolvida na construção de um hotel em Berlim. É uma das 21 companhias que o empresário angolano usou para controlar contas bancárias na Suíça, todas elas através da Akoya, uma empresa de gestão de fortunas de que era um dos maiores accionistas e que começou a ser investigada em 2011 no processo Monte Branco, um inquérito -crime sobre uma rede internacional de lavagem de dinheiro que envolvia uma loja de medalhas na Baixa de Lisboa onde os clientes iam levantar e depositar malas de dinheiro.

Em maio de 2012, quando os gerentes da Akoya, Michel Canals, Nicolas Figueiredo e José Pinto foram detidos em Portugal, as autoridades descobriram que Álvaro Sobrinho tinha 180 milhões de euros em depósitos na Suíça distribuídos por 22 contas, a maioria delas no Crédit Suisse, incluindo uma em nome da World Property.

O facto de Michel Canals, que era um dos administradores da World Property, ter estado preso preventivamente em Portugal e de a conta bancária dessa empresa na Suíça se encontrar arrestada desde 2015, no âmbito de um inquérito-crime do Ministério Público helvético sobre o desvio de dinheiro do BESA, não parece ter demovido o chairman do Planet Earth Institute em Londres .

Há seis anos que Lord Boateng é uma espécie de cartão de visita para Álvaro Sobrinho no Reino Unido, onde o banqueiro conseguiu tornar-se sócio em 2015 da Cluff Geothermal e da sua subsidiária Hotspur, com investimentos em energias renováveis na Etiópia, no Quénia e na Indonésia.

Paul Boateng tinha 36 anos quando se tornou deputado pelo Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns ( a câmara baixa do Parlamento britânico), depois de ter começado uma carreira como advogado e activista. Começou em 1997 como subsecretário de Estado da Saúde e no ano seguinte tornou-se equivalente a secretário de Estado da Administração Interna. Em 2001 foi nomeado secretário financeiro do Tesouro, a quarta figura no Tesouro Britânico (que corresponde às pastas da Economia e Finanças).

Em 2002, Tony Blair promoveu-o a número dois do Tesouro, o equivalente a um vice-ministro da Economia e Finanças, cargo que ocupou até 2005. Em 2010 foi nomeado Lord, na Câmara dos Lordes, um cargo vitalício.

Nas foto, Álvaro Sobrinho e Lord Paul Boateng aparecem juntos durante uma actividade da ONG Planet Earth Institute .

Fonte: Expresso.

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