
Sarah Maldoror, pioneira do cinema africano, morreu no passado dia 13 de Abril, em Paris, vítima de covid-19. Filha de pai antilhano e mãe francesa, Sarah Maldoror nasceu em 1929, foi cineasta e militante anticolonialista, e companheira do fundador do MPLA, Mário Pinto de Andrade, com quem teve duas filhas, Anouchka e Henda.
Sarah foi autora dos filmes Monangambé e Sambizanga. O primeiro, produzido em 1969, foi inspirado numa novela (O Fato Completo de Lucas Matesso) do escritor e nacionalista angolano José Luandino Vieira, à época preso no Tarrafal, em Cabo Verde.
A longa-metragem Sambizanga, produzida em 1972 e considerada uma das maiores obras do cinema africano, é também inspirada numa novela de Luandino (A Vida Verdadeira de Domingos Xavier). O filme aborda a guerra colonial portuguesa em Angola e teve a participação de Mário Pinto de Andrade como co‑argumentista.
Radicada em Paris, Sarah Maldoror produziu documentários dedicados a retratos de artistas, entre os quais se destacam a escultora colombiana Ana Mercedes Hoyos, o poeta Aimé Césaire, a cantora haitiana Toto Bissainthe, entre muitos outros, fazendo todos eles parte de memórias do mosaico da cultura universal que tanto bebeu no continente-berço da humanidade.
Em 2008, Sarah Maldoror foi homenageada no primeiro Festival Internacional de Cinema realizado em Luanda.