Mudar Mentalidade, Mudar Rumos

Que ninguém se iluda, a grave situação económica e social existente em Angola (com dura incidência nas populações) pode hipotecar gravemente o futuro, se não forem tomadas adequadas medidas em tempo certo.
E essas medidas terão de ser o fruto de correctas decisões do poder político e da empenhada acção dos cidadãos. Isto exige um diálogo constante do poder com a sociedade civil e um permanente debate no seio desta para se encontrar as ideias e meios que solucionem problemas do país, tais como: produção, educação, saúde, diminuição da pobreza, consequências do acelerado crescimento da população, democratização do Estado e da vida nacional.
Põe-se pergunta:
– as instâncias políticas e da sociedade civil estão a fazer o que é necessário e urgente no actual contexto?
Notícias e escritos da comunicação social angolana dão a indicação de inúmeras lacunas, tibiezas e persistência em determinados erros. Citarei apenas extractos da crónica de Ismael Mateus intitulada “A falta de visão não tem idade“, no NOVO JORNAL de 18-05-2018. Ele afirma: (….)“Mantém-se o velho modo de estar, as divergências, a narrativa, a hostilização do outro e a visão partidarista e partidarizante do Estado, apesar da introdução gradual de gente jovem”.
Um modo de estar que, como refere o autor nesse escrito, já vem de longe, do tempo da luta anticolonial e que se reflecte na abordagem de temas tão importantes como o futuro poder local. Diz IM: (…) O caso das autarquias é bem revelador dessa lógica retrógrada, em que os partidos políticos pensam primeiro nas suas estratégias eleitoralistas e depois nos interesses nacionais“.
Assim, problemas de tanta importância para as populações e para a democratização do país não são objecto das mais adequadas abordagens. Ismael Mateus sublinha: (…) “O modelo de governação local não está a ser pensado na óptica do que é melhor para o país, mas de quanto poder absoluto cada presidente de câmara vai ter e quantas câmaras cada partido vai ter”.
São elucidativas estas passagens do referido texto, que nos deixam preocupados porque o tempo de agir está a passar e há o risco de se perderem irremediavelmente oportunidades de mudar os errados rumos.
Os cidadãos esperam da governação a concretização de promessas, mas também devem estar dispostos a fazer propostas ao poder político e a fazer-se ouvir por ele. É forçoso que os diferentes interesses particulares sejam compaginados com o geral interesse nacional. Dialogar, debater, encontrar soluções, procurar a sua aplicação em tempo útil são tarefas absolutamente necessárias e urgentes da governação e da sociedade civil neste crucial momento de Angola.