Falsos defensores da “Democracia”

“Na política, a democracia é valor inestimável. Submetê-la a quaisquer outras preferências significa violentar a dignidade alheia em favor dos gostos pessoais”, disse-o o Prof. Dr. Wolfgang Merkel, Diretor da unidade de pesquisa “Democracia e Democratização” do Centro de Pesquisa em Ciências Sociais de Berlim (WZB), acrescentando que: “Todo discurso que de algum modo exprime condescendência para com a tirania, ainda que este contenha em si mesmo algum outro valor pelo qual se tenha apreço, significa abandono dos ideais democráticos e desabilita aquele que o profere de voltar a abraçá-los mais adiante”. Quando tal acontece – e acontece com frequência – impõe-se desmarcar a farsa.
No entanto, reside em determinados grupos de indivíduos, podemos mesmo mencionar a título de exemplo alguns fazedores de opinião e/ou analistas de programas televisivos, o receio do novo, o medo da mudança. É este medo que os leva a trocar a sua capacidade criativa, o seu intelecto e a possibilidade de evoluírem, por uma suposta estabilidade. Um medo injustificável, porém, até certo ponto compreensível (se é que o período ostenta em si algum sentido). A aversão à mudança imiscuída ao medo de errar estão muito presentes na nossa sociedade; é comum em ambientes de trabalho ouvir-se e colocar-se em prática a velha e terrível filosofia: “Quem trabalhar muito errará muito, quem trabalhar pouco errará pouco e quem nada faz nada erra.” Desta forma, vamos assistindo indivíduos que passam toda a carreira a fazer o mínimo necessário para não colocar em risco o seu posto de trabalho e a sua futura aposentadoria.
Quem tem medo de mudar passa a vida sem viver – dissera o outro.
Desta forma, um dos vários pontos positivos das mudanças político-sociais que se vêm registando no nosso país, é o facto de simultânea e involuntariamente se estarem a revelar os falsos democratas, pois aqueles que se diziam defensores de um regime político democrático onde o poder residisse e fosse verdadeiramente exercido pelo povo, onde houvesse garantias e proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, econômica, e cultural da nação, são os mesmo que hoje, através das suas exposições públicas, se revelam falsos democratas, desconhecedores dos princípios elementares da democracia, entre estes e sobre tudo o Principio da Igualdade, um principio que defende a igualdade de direitos e oportunidades, para todos os seres humanos, tanto no âmbito político como no âmbito econômico e social.
As posições defendidas pelos tais fazedores de opinião apenas permitem-nos auferir o quão democratas eles realmente não são.
À vista disso, o medo da mudança e a ausência de um sentido democrático sustentado pelo profundo desconhecimento sobre os pilares de um estado igualitário, são os únicos meios que encontro para abrigar a posição dos falsos democratas que acham que os intocáveis devem permanecer assim mesmo, intocáveis, que lhes deve ser permitido continuar a roubar o estado, e que lhes deve ser autorizado reter o dinheiro usurpado. Sim, porque só o receio à democratização das instituições do país abrigaria a inurbana e até mesmo leiga afirmação de que o pronunciamento da nova administração da Sonangol é um ataque a estabilidade nacional, uma vez que, na opinião dos tais fazedores de opinião, outrora democratas e defensores da igualdade de direitos e deveres entre os cidadãos, este pronunciamento afeta a imagem de alguns vários intocáveis, e isso, além de perigar a estabilidade nacional, não é bom para a imagem externa do país. Que desvario! Ninguém no seu perfeito juízo faria uma afirmação do género. Afinal há mesmo quem acredita que a estabilidade político-social do país depende apenas de meia dúzia de pessoas ou de uma única família?
Portanto, de algo podemos estar certos, defender os direitos do povo e a democracia não interessa a esta gente. Eles, os falsos democratas, preferem deixar as coisas como estavam, pois já conhecem os atalhos e sabem como ganhar o pão no corrente status quo.
Todavia, valerá sempre apena recordar a estas pessoas que: É a corrupção endêmica que afecta a imagem externa do país e a danifica, é a submissão da justiça perante aos intocáveis e a ausência de justiça social que leva o mundo a olhar para nós com o típico, neste caso merecido, estereótipo terceiro-mundista. Aproveitaremos também aconselhar tais pessoas a abrirem-se às mudanças e a aceitarem a democracia e suas imposições, no entanto, se quiserem continuar casmurros e com suas ideias retrogradas, que as mantenham caladas com vocês, não usem os Mídias para dissemina-las, existem crianças e jovens a ouvir-vos, portanto, não os queremos mentecaptas, como os senhores, muito pelo contrario, queremos-lhes conhecedores e defensores da democraticidade das coisas e recetíveis às mudanças, afinal, Tanto nas situações mais simples do dia-a-dia quanto nas grandes decisões da nossa vida, nada vai adiante se estagnarmos. Por outro lado, as mudanças que têm vindo a ser efetuadas no país são de “caracter imperioso” para a melhoria do regime de coisas. Mudanças estas que ainda estão longe do necessário para uma melhoria efectiva do quadro clinico da nação.
Para concluir, temos de entender que a vida é urgente e o tempo não para. Dentro do nosso corpo o sangue circula e se renova sem parar e através do tempo seguimos nós, como um rio que flui em seu leito e que nunca é o mesmo de instantes atrás. Por isso, vedar-se em ideias cujo prazo de caducidade há muito foi auferido, é fechar-se ao intelecto.