Notícias

Nova liderança em Angola traz esperança, mas caminho a percorrer é longo

A situação dos direitos humanos em Angola ainda preocupa, pois persistem ainda violações a vários níveis, mas a eleição do novo Presidente alimenta a esperança, com as promessas de combate à corrupção e à má gestão dos dinheiros públicos.

A consideração está contida no “Relatório Mundial 2018: Luta pelos Direitos Tem Sucesso”, de 643 páginas, elaborado pela organização Human Rights Watch, que analisa a situação dos direitos sociais e políticos em mais de 90 países, entre eles apenas quatro lusófonos — Angola, Brasil, Guiné Equatorial e Moçambique.

Na 28.ª edição do relatório, a HRW refere que a posse, em setembro, de João Lourenço na Presidência angolana, pôs fim a quase quatro décadas de um “regime repressivo” de José Eduardo dos Santos, destacando que a votação, apesar de pacífica, ficou marcada por “severas restrições” às liberdades de expressão e de associação e pelo acesso limitado à informação devido à ação “repressiva e censória” do Governo.

Esta ação, refere a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Nova Iorque, foi exercida quer nos meios de comunicação públicos quer nos privados, estes pertencentes ou com ligações a partidos políticos.

A liberdade de imprensa, segundo o relatório, está “ameaçada” depois da aprovação de uma nova Lei de Imprensa, contestada pelas organizações sindicais de jornalistas e de outros grupos da sociedade civil.

“O novo Presidente garantiu que irá governar para todos os angolanos e que combaterá dois dos maiores problemas do país: corrupção e má gestão dos dinheiros públicos”, lembra a HRW.

A organização, porém, ressalva que, apesar da nova esperança, Angola continua a ser palco de abusos e uso excessivo da força por parte das diferentes unidades de segurança, intimidações e detenções arbitrárias de participantes em manifestações pacíficas.

Além das considerações sobre a falta de liberdade de imprensa, de expressão e de associação e da repressão das forças de segurança, a HRW realça problemas ligados à violência eleitoral, dando como um dos exemplos o incidente registado antes das presidenciais de 23 de agosto em Benguela.

Na ocasião, a 31 de julho, um alto dirigente local da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) foi morto e seis outros simpatizantes ficaram feridos, com o partido da oposição a responsabilizar apoiantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde a independência, em 1975).

No quadro da candidatura formal apresentada por Angola para integrar o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas no triénio 2018/2020, as autoridades angolanas reuniram-se com a sociedade civil em abril de 2017 para encontrar soluções para a questão das migrações e aprovaram medidas reforçar o processo democrático e diversificar a economia, muito dependente do petróleo.

Além disso, foi aprovado também um plano nacional para garantir um maior aprofundamento dos direitos humanos no país, ressalva a HRW.

No entanto, há ainda uma grande polémica em torno da criminalização do aborto, depois de uma versão inicial de uma lei apresentada pelo Governo ter aumentado as restrições e de o Parlamento a ter reforçado, tornando ilegal a interrupção voluntária da gravidez, sem exceções, sendo passível de uma pena de prisão entre os quatro e os 10 anos.

Marcada para 23 de março, a votação final, porém, não chegou a realizar-se e o projeto de lei foi retirado de discussão, aguardando-se que dê entrada no parlamento de uma nova versão, o que não aconteceu até ao final de 2017.

Fonte: Lusa

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading