Cronistas

Queixumes versus acção concreta

Esta  frase: a sociedade civil não está a fazer nada para conquistar o lugar que reclama na mesa do diálogo para o desenvolvimento do país e outras assim significativas fazem parte duma excelente crónica de Ismael Mateus, “As autarquias e a sociedade civil”, publicada no NOVO JORNAL da passada sexta-feira, na sua secção “Democracia e Sociedade”.

Nesse texto, o autor aborda o tema do poder autárquico, tece considerações sobre a escassa concretização das necessárias medidas governamentais em vários sectores e descreve o comportamento geral da sociedade civil, mais propensa a queixas do que a acções que impulsionem mudanças expectáveis no país.

Congratulo-me com o conteúdo e oportunidade da crónica, tanto mais que, em diversos escritos, tenho abordado a sociedade civil angolana e destacado quão importante é a sua capacidade de intervenção na vida do país.

De facto, vive-se em Angola um delicado momento político. Tanto ele pode propiciar as mudanças exigidas pela situação política, económica e social como pode frenar as incipientes dinâmicas de mudança surgidas.

Está a tornar-se urgente que a nova presidência empreenda acções de correcção de políticas anteriores, na governação, no relacionamento  com as populações,  orgãos e representantes da sociedade civil, na resolução dos problemas económicos e sociais. Imperioso é, também, que avance com medidas de reestruturação do aparelho do estado e de democratização do país: uma ponderada descentralização administrativa e política, uma revisão constitucional que consagre o efectivo escrutínio do poder político pela sociedade.

Daí ser necessário que largos sectores da sociedade civil estejam despertos para debater os problemas existentes, equacionar soluções, propor ao governo e à população medidas que ajudem a superar a crise económica, minorar as enormes carências na educação e saúde, diminuir a pobreza, democratizar o tão partidarizado aparelho do estado e assegurar aos cidadãos o pleno uso dos seus direitos e garantias.

Está provado que uma sociedade civil, quando está empenhada em reflectir sobre as questões dos seus sectores e da vida nacional e disposta a agir, conquista espaço de intervenção junto do poder político para impulsionar as mudanças que um país precisa.

Por isso, venho insistindo nestes temas, saúdo a abordagem e debate sobre eles e faço votos para que surjam muitos mais textos como o do Ismael Mateus, que acima referi.

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