Cronistas

O Homem, as distâncias, os lugares e as circunstâncias.

A vida é feita de muitas coisas e entre elas, os acasos. As circunstâncias da vida levam – nos muitas vezes para certos lugares, para certas distâncias . Num dia estamos com as coisas todas arrumadas, bem alinhadas e num outro somos levados pelas dinâmicas desta mesma vida a mudar de vida e assentar arraiais em outras paragens . 

O homem é um animal de hábitos e quando se sente bem num lugar vai se acomodando , e resiste a toda e qualquer mudança. Desde pequeno fui- me habituando a certas mudanças na minha vida . Aos 4 anos de idade vim viver para a Vila Nova de Gaia onde fiquei até aos 9 anos de idade . Desde setembro do ano passado que me mudei para Lisboa por razões pessoais e profissionais. São situações que nos obrigam a fazer certos certos esforços e adaptações. 

Mas hoje falo dos homens e as distâncias. Da sua partida para a eternidade. No espaço de dois meses,  vi partirem para o eterno descanso , duas pessoas com as quais tive uma relação de respeito, proximidade e admiração. Falo do Dr. Adérito Correia que faleceu aqui no Montijo no dia 1 de Abril e de Monsenhor José Cachadinha falecido no passado dia 14 de maio. Duas figuras importantes no estabelecimento de uma instituição importante de formação académica: A Universidade Católica de Angola ( UCAN). 

A morte é uma das poucas certezas que temos na vida . A morte é uma coisa certa que aparece numa hora incerta. Monsenhor Cachadinha foi um dos responsáveis da Biblioteca da UCAN, fundador e coordenador do Boletim Informativo da mesma instituição. Foi responsável pela formação de uma nova e dinâmica geração de jovens bibliotecários angolanos. E recordo os bons tempos na biblioteca, a consulta de livros e que acabam por se tornar em prolongadas conversas sobre fé , política internacional e até desporto. 

Monsenhor Cachadinha falava muito das suas passagens por Connecticut ( EUA) e Huambo. O facto de ter sido ordenado padre no Huambo em 1952 e de lá ter ajudado a construir igrejas, a passagem pelo ensino e a fundação das Caritas no Huambo foram momentos e histórias que partilhava connosco. Os dez anos que fez nos EUA ( 1978-188) foram para ele uma experiência marcante para ele. 

Monsenhor Cachadinha falava sempre com muita nostalgia do Huambo. Dos momentos que lá viveu , das obras que edificou e homens que formou. Tudo fez para lá voltar e continuar o seu trabalho . Gostava de contar histórias do Huambo. Hoje vai a enterrar em Nogueira, Viana do Castelo, um  homem generoso, um homem que amou Angola e as suas gentes. Um homem que formou homens e deixou obra feita . 

Hoje Monsenhor Cachadinha vai ocupar o seu lugar ao lado de D. Damião Franklin, Padre Manuel Gonçalves e Adérito Correia, todos eles homens que conheci e que ajudaram a edificar a estrutura que hoje se chama Universidade Católica de Angola. Os homens, as distâncias, os lugares e as circunstâncias. 

One Comment

  1. somos a nossa história,mas história não somos nós….
    Acredito na mudança,na transformação humana,mas afinal se deixarmos o mundo conforme o encontramos,nada valeu nossa passagem por cá na terra…DEUS tenha em sua misericórdia aqueles homens de cuja dedicação pela humanidade é incomensurável…

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