Diário de Viagem

Dia 3: O “Renascimento” cultural e académico angolano em Florenca

Há um “Renascimento” cultural e académico angolano em Florença. Conheci jovens angolanos cultos, educados e com visão de futuro. São um total de 32 estudantes angolanos que estão ao abrigos de bolsas de estudo suportadas pelo Estado italiano. O Estado italiano tem um programado apoio aos estudantes de vários países africanos. Na universidade de Florença existem estudantes de países como os Camarões, Senegal, Nigéria, Togo e de Angola. Um importante programa de formação académica, cooperação e integração cultural, social e académica.
Neste dia 06 de Novembro estive com os estudantes do Departamento de Economia e Ciências Políticas da Universidade de Florença .Foi um encontro de partilha de ideias, experiências e conhecimentos. Temas como: o estado do jornalismo em Angola; a política externa de Angola para as suas diásporas, a operação Resgaste, o momento político em Angola e o primeiro ano de governação do Presidente João Lourenço foram alguns dos temas em debate.
Uma conversa e momentos bem alegres. A prática da crítica e abordagem académica revela um dos traços essenciais destes jovens para quem a “interrogação” mora no coração da palavra. São muitos os contextos que a interrogação pode acontecer e outros tantos que com a pergunta se podem alcançar. Há quem pergunte com natural curiosidade e desejo de saber.
Mas há também a interrogação pérfida dos que procuram exibir o erro ou ignorância do interlocutor para o pôr a ridículo, desautorizar e humilhar. Existem sempre este dois polos na academia, mas no encontro com os estudante angolanos houve sempre uma linguagem clara, fluente, rigorosa e elegante. Foram momentos de elevação, coerência , respeito e humildade.
Fui por eles convidado e jantamos na cantina da universidade. Muitos destes jovens vivem no lar de estudantes situado dentro do recinto universitário. Há uma mistura de várias culturas, povos e pensamentos. É admirável a convivência cordial e pacífica que existe entre eles. Há na Universidade de Florença uma multiculturalidade positiva e até inspiradora.
A comunidade estudantil angolana é respeitada e respeitadora, são miúdos com uma responsabilidade e com a esperança de voltar para o país e darem o seu contributo. Apesar das dificuldades porque estarem num país e cultura diferente, apesar do de estarem longe das suas famílias e da terra, apesar do momento de crise que Angola atravessa ( e até mesmo de uma certa crise política e social na Itália), estes rapazes de Florença conseguem manter uma atitude e postura muito digna do “próprio Mwangolé” ou de um “Angolano Vero”.
Há um “Renascimento” cultura, e académico angolano que está a nascer em Florença. Angola pode ganhar muito se aproveitar estes quadros que Itália já está a formar. Como a maior parte da comunidade estudantil angolana pelo mundo, também os estudantes angolanos em Florença reclamam maior apoio, atenção e acompanhamento do Governo angolano, através da sua Missão Diplomática na Itália. Defendem mais fluidez na comunicação e proximidade nas relações .
Este “património” humano e académico angolano em Florença provoca e promove vários saberes, para o entender na sua plenitude é preciso cruzar vários valores, ideias e projectos. Temos de continuar a caminhada,  de pensar a universidade na diversidade. De promover a arte que sabe distinguir sem excluir, juntar sem eliminar, valorizar sem esquecer o sentido do todo, o pensar aberto com espírito construtivo, interagir com os outros e não ser uma ilha numa sociedade. Promover uma cultura na formação do homem todo, o ser completo, a cultura do permanente sobre o transitório. É preciso compreender e dar a compreender. É um aprendizado permanente.
Obrigado aos amigos Matias Mesquita e José Mesquita da Casa de Angola em Itália pelo convite, apoio e colaboração. Há uma Angola que também acontece em Florença . Uma Angola culta, unida e “renascida “.

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