CronistasMárcio Roberto

O speech de JLo…

O discurso do Presidente João Lourenço, sobre o estado da nação, na abertura do ano legislativo na Assembleia Nacional, esta segunda-feira 16, provou aquilo que muitos de nós já sabíamos, temos políticos capazes de desenvolver discursos de primeiro mundo, discursos de fazer transpirar invídia até os mais altos magistrados da Suprema Corte Britânica, conhecidos por partilhar o léxico de Shakespeare. O discurso do Presidente da República, cobriu as áreas que mais melindres e desassossegos despertam, com particular ênfase á política económica a ser adotada, a descentralização do poder e dos serviços bem como as relações diplomáticas da nação.

No entanto, diria o outro, os problemas estruturais do país já há muito são conhecidos e há muito também vêm os políticos frisando-os, demonstrando conhecimento sobre os mesmos, mas sem, no entanto, apontarem meios e formas efetivas de resolve-los. Até mesmo o famoso slogan “colocar sal na gasosa” perdeu sua graça devido a carência de um plano demonstrativo de como “se abrirão as latas para que se introduza o sal” na gasosa.

Neste discurso, o presidente foi um pouco mais lato, explicando em alguns pontos como serão executados os projectos e as tão desejadas mudanças. No âmbito da descentralização económica, João Lourenço afirmou que, irá implementar incentivos fiscais para empresas que decidirem investir no interior do país, em particular, aquelas que promoverem a articulação entre as cidades e o campo, contribuindo assim para a redução das assimetrias regionais e da pobreza, fomentando o aumento do emprego e consequentemente o rendimento das famílias. Quanto a viabilização da atividade campestre, o governo vai apostar na electrificação rural e ao mesmo tempo, serão criados planos directores para o sector industrial, para dinamizar as indústrias siderúrgicas, dos materiais de construção, alimentares, têxteis e outros. 

Denunciou-se ainda a reforma a curto prazo do sistema educativo nacional, com destaque para o ensino primário, de formas a corrigirem-se os aspectos negativos detectados na reforma educativa vigente. O presidente apontou a melhoria das condições salariais dos professores como um dos elementos fundamentais desta reforma.

Embora ainda muito superficiais, porém, já visíveis, começam a tornar-se as mudanças na era JLo. O maior serviço noticioso do país, o Telejornal, transpira uma mudança quase que radical no seu conteúdo, o jornal eximiu-se de maquiar os problemas sociais que o país enfrenta, revelando poças de águas negras e goradas que, em tempos de “outra senhora”, incomodariam “as ordens superiores”. O Telejornal começa a despir-se do partidarismo e/ou bajulismo para mostrar Angola e suas feridas. Lembrar que, uma das promessas de campanha de João Lourenço foi despartidarizar ou “desMPLarizar” a imprensa.

Com um discurso extremamente ambicioso, se considerarmos as mudanças a serem executadas e as dificuldades que o país enfrenta, ficamos com a sensação de que “tudo está mal”, e se está tudo mal, “tudo terá de ser corrigido”. Eis então, que surge a abalburdiante questão, será o atual governo capaz de executar as mudanças/projectos apresentados, em apenas um mandato? Ou estamos aqui apresentar projetos exequíveis num futuro assustadoramente distante?

Bem, nós aqui por estas bandas, ficaremos benfazejos, torcendo pela concretização dos projetos assumidos pelo novo governo. Uma vez que, o seu fracasso espelhará o fracasso de toda uma nação.

 

“E que o senhor lá dos céus, permita aos angolanos chegar…até onde os permitiu sonhar…”

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