Cronistas

O tempo da maturidade

O grau de maturidade num indivíduo, num povo, num país pode medir-se. Há parâmetros consensuais suficientes para tal, apesar de várias condicionantes, entre elas a subjectividade. Angola vai comemorar quarenta e dois anos de independência. É tempo de nos perguntarmos qual o grau de maturidade do país. Porquê?

Primeiro, porque muitas das feridas sofridas pelas populações tendem a curar; segundo, porque muito se aprendeu nestes anos sobre o próprio país; terceiro porque o próprio processo histórico gerou uma massa crítica pensante e liberta de preconceitos e tabus.

Olhando o passado, vê-se que foi fundamental a gesta libertadora que fez vergar o colonialismo português e nos trouxe a independência. Contudo, não se pode esquecer –  sejam quais forem as versões oficiais e oficiosas do poder, das forças de oposição ou de individualidades – que foram cometidos graves erros na condução da luta de libertação nacional, no acesso à independência, nas políticas adoptadas ou na sua contestação. E as guerras civis havidas bem o demonstram, assim como a ditadura implantada em 1975 e as suas políticas.

Depois de tantas vicissitudes, de tantos sacrifícios, o povo angolano tem hoje um país para reconstruir. Uma reconstrução que não é só material, mas também de caracter político e, ainda, relativa a valores e comportamentos éticos.

Este próximo aniversário da independência segue-se a um agitado período político em que se realizaram eleições, tendo sido eleito um novo presidente que substitui aquele que estava no poder há trinta e oito anos.

Olhando o actual momento da vida do país independente, que maturidade se verifica? Na minha opinião, um grau de maturidade bastante satisfatório que se mede por: a já visível afirmação da sociedade civil (sobretudo através de alguns intelectuais); a nova postura do presidente do país (prometendo auscultar mais os cidadãos e invertendo nocivas políticas e práticas do seu antecessor); uma oposição mais reflexiva; uma opinião pública mais atenta e exigente (pesem embora os mujimbos); a aparência de um novo clima político, que pode ser menos constrangedor dos direitos e liberdades dos cidadãos e o estímulo para o fomento do empreendorismo de vária ordem (económico, social, associativo, cultural).

Neste momento dos quarenta e dois anos de independência, temos o essencial para se dar um decisivo passo em frente a fim de se conseguir o que sempre almejámos: a construção de uma Angola moderna, um estado de direito e de justiça social.

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