Obra de artista angolano Kiluanji Kia Henda em destaque na feira de arte Frieze em Londres

O culto do marxismo -leninismo em Angola após a independência do país é o ponto de partida da instalação do artista Kiluanji Kia Henda, patente na feira de arte Frieze, em Londres, que abre hoje e decorre até domingo.
O artista angolano traça um paralelo com as práticas de feitiçaria durante a guerra civil em Angola e as narrativas de ficção científica usadas pelas potências da Guerra Fria, a União Soviética e os EUA.
A instalação, composta por duas partes, vai evoluindo ao longo do evento, olhando para como a “fantasia fictícia e o seu pode de manipulação se transforma numa arma importante em situações de violência extrema”, refere a organização.
O próprio Kiluanji Kia Henda explica que, “apesar de ser uma ideologia política que rejeitou a religião, a maneira como o marxismo -leninismo foi doutrinado durante a revolução exigia lealdade e crença inquestionável, semelhante à prática religiosa “.
O artista refere que usa um busto de Lenine como objecto central da instalação, “onde as memórias e as narrativas de um dos conflitos mais sangrentos de África são fundidas com a transcendência da feitiçaria e a dimensão dogmática de uma ideologia política”.
Intitulada ” Under the Silent Eye of Lenin ” [ Sob o olhar silencioso de Lenine], a instalação faz parte da plataforma Frieze Projects, um programa sem fins lucrativos para o qual o artista angolano foi seleccionado enquanto vencedor do prémio Frieze Artist entre candidatos de mais de 82 países .
Nascido em 1979 em Luanda, onde vive e trabalha, Kiluanji Kia Henda usa vários meios no seu trabalho, como a fotografia, vídeo e performance, que já foi exposto em países como EUA, França ou Itália e está em colecções internacionais como o museu de arte contemporânea de Londres Tate Modern.
Criada em 2003, a Frieze é considerada uma das mais influentes feiras de arte mundiais, atraindo anualmente mais de 60.000 visitantes, como curadores, artistas, coleccionadores, negociantes de arte e críticos.