Notícias

Operação Fizz: Principais datas do caso que envolve Manuel Vicente

O julgamento do caso que envolve o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, começa na segunda-feira em Lisboa, sem que o atual deputado aceite ser julgado pelas autoridades portuguesas.

A “Operação Fizz” levou à prisão preventiva do procurador português Orlando Figueira, suspeito de ter sido corrompido por Manuel Vicente quando este era administrador da Sonangol, e são também arguidos Paulo Blanco e Armindo Pires, respetivamente ex-advogado e antigo representante em Portugal do político angolano.

O caso ultrapassou a dimensão jurídica e o Presidente angolano, João Lourenço, já avisou que o seu desfecho vai determinar o futuro das relações com Portugal.

2016

23 fev

– Manuel Vicente e o seu advogado, Paulo Blanco, são indiciados por corrupção ativa em coautoria, após buscas realizadas no escritório do causídico em Lisboa.

– O procurador do Ministério Público Orlando Figueira é detido no mesmo dia pela Polícia Judiciária por corrupção e branqueamento de capitais, sendo suspeito de ter arquivado processos contra altos dirigentes angolanos a troco de “luvas”.

25 fev

– A juíza de instrução criminal determina prisão preventiva para Orlando Figueira, por considerar que há fortes indícios da prática do crime de corrupção passiva e também de branqueamento e falsidade.

– O Ministério Público anuncia em comunicado que o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, não é arguido no âmbito da “Operação Fizz”, que levou à prisão o procurador do Ministério Público Orlando Figueira.

As duas pessoas constituídas arguidas no âmbito da “Operação Fizz” são o procurador Orlando Figueira e o advogado Paulo Blanco, que representou o vice-Presidente de Angola na compra de um apartamento no edifício Estoril Sol, em 2012.

– O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz que não tem informação “credível” sobre a indiciação, em Portugal, do vice-Presidente, por corrupção ativa, escusando-se a comentar se a operação poderá afetar as relações bilaterais.

26 fev

– A ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, nega que o caso que levou à prisão preventiva do procurador Orlando Figueira tenha provocado um problema de credibilidade do Ministério Público.

27 fev

A Procuradoria-Geral da República confirma a realização de diligências de pesquisa no seu departamento de informática, no âmbito da “Operação Fizz”, que levou à prisão do procurador do Ministério Público Orlando Figueira.

O jornal Público noticiou no mesmo dia que procuradores acompanhados por elementos da Polícia Judiciária estiveram na PGR para recolher informação eletrónica, já que é naquele edifício que estão localizados os servidores que suportam a rede do Ministério Público e armazenam o correio eletrónico dos procuradores.

29 fev

– O embaixador de Angola em Portugal refere que os dois países trabalham para uma “melhoria permanente” das relações. “É bom costume não interferir nos assuntos que estão a ser tratados de modo competente por quem de direito”, diz Marcos Barrica.

02 mar

— O vice-Presidente angolano declara ser “completamente alheio à contratação” do procurador Orlando Figueira para o setor privado, assim como a “qualquer pagamento” de que alegadamente aquele magistrado beneficiou.

“Sou completamente alheio, nomeadamente, à contratação de um magistrado do Ministério Público português para funções no setor privado, bem como a qualquer pagamento de que se diz ter beneficiado, conforme relatos da comunicação social, alegadamente por uma sociedade com a qual eu não tinha nenhuma espécie de relação, e que não era nem nunca foi subsidiária da Sonangol”, diz Manuel Vicente, que foi administrador da petrolífera angolana.

Numa nota enviada à Lusa, Vicente salienta que o seu envolvimento na investigação portuguesa “não tem, pois, qualquer fundamento”, porém manifesta-se “totalmente disponível para o esclarecimento dos factos (…), de modo a por termo a qualquer tipo de suspeições”.

04 mar

– O estatal Jornal de Angola denuncia, em editorial, a “instrumentalização da Justiça portuguesa” para “lançar na lama” o nome de dirigentes angolanos.

22 jun

– O Tribunal da Relação de Lisboa altera a medida de coação de Orlando figueira para prisão domiciliária com pulseira eletrónica.

2017

16 fev

– O Ministério Público acusa Orlando Figueira, Manuel Vicente, Paulo Blanco e Armindo Pires, representante em Portugal do vice-Presidente angolano.

Orlando Figueira é acusado de corrupção passiva, branqueamento (em coautoria com os outros três arguidos), violação de segredo de justiça e falsificação de documento (em coautoria com os restantes arguidos).

Manuel Vicente, à data dos factos presidente da Sonangol, é acusado de corrupção ativa (em coautoria com os arguidos Paulo Blanco e Armindo Pires), de branqueamento de capitais (em coautoria com os restantes arguidos) e falsificação de documento (em coautoria com os restantes arguidos).

Entre os acusados estão ainda o advogado Paulo Blanco, que vai responder por corrupção ativa (em coautoria com os arguidos Manuel Vicente e Armindo Perpétuo Pires), branqueamento de capitais (em coautoria com os restantes arguidos), violação de segredo de justiça e falsificação de documento (também em coautoria com os restantes arguidos).

Armindo Pires, representante em Portugal de Manuel Vicente, é acusado de corrupção ativa (em coautoria com os arguidos Paulo Blanco e Manuel Vicente), branqueamento de capitais (em coautoria com os restantes arguidos) e falsificação de documento (em coautoria com os restantes arguidos).

– 16 fev

— Rui Patrício, advogado do vice-Presidente de Angola, afirma que o seu cliente não foi notificado, nem informado, de qualquer acusação.

17 fev

– O Presidente português, Marcelo rebelo de Sousa, considera que a acusação ao vice-Presidente angolano corresponde ao “funcionamento normal das instituições” e à “separação de poderes em Portugal”.

– O embaixador de Angola em Lisboa remete para a justiça portuguesa a justificação da acusação ao vice-Presidente angolano, e separa o caso das relações institucionais entre os dois países. “Quem acusou é que sabe porque é que o fez, mas nós não estamos aqui para comentar isso”, declara Marcos Barrica.

21 fev

– Uma visita programada da ministra da Justiça portuguesa a Angola é adiada “sine die”, a pedido das autoridades angolanas.

22 fev

– O ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que o Governo português continua a preparar a visita do primeiro-ministro a Angola, prevista para a primavera.

26 fev

– O Jornal de Angola retoma as críticas a Portugal, afirmando que “custa ver tanta falta de vergonha”, a propósito da divulgação pela comunicação social do processo envolvendo Manuel Vicente.

28 fev

– A UNITA, maior partido de oposição em Angola, classifica como “chantagem e ingerência nos assuntos de Portugal” a reação do Governo angolano à divulgação da acusação do Ministério Público português a Manuel Vicente e desafia as autoridades do seu país a investigar.

08 abr

— A defesa do vice-Presidente angolano nega que Vicente se tenha recusado a vir a Portugal prestar esclarecimentos no processo, como é indicado no despacho do Ministério Público.

05 jun

– O ministro da Justiça angolano admite reequacionar a cooperação judiciária com Portugal, mostrando-se “estupefacto” por o Ministério Público português ter avançando para a fase Instrução no processo envolvendo Manuel Vicente, sem esperar pela resposta de Angola.

21 jun

— O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decide levar a julgamento os arguidos.

No processo, que investigou crimes económico-financeiros, o vice-Presidente angolano é suspeito de ter corrompido Orlando Figueira para que o procurador arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a alegada aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.

Em causa na ‘Operação Fizz’ estão alegados pagamentos de Manuel Vicente, no valor de 760 mil euros, a Orlando Figueira.

21 set

– O ministro da Justiça de Angola, Rui Mangueira, avista-se em Lisboa com o Presidente português, mas não é revelado o teor da reunião.

22 ago

– João Lourenço vence as presidenciais em Angola e sucede a José Eduardo dos Santos. Manuel Vicente deixa de ser vice-Presidente e é eleito deputado pelo MPLA.

27 set

– A defesa de Manuel Vicente espera que um parecer pedido pelo primeiro-ministro português ao Conselho Consultivo do Ministério Público possa trazer “melhor luz ao caso e às questões legais e de Estado”, mas o documento nunca foi revelado.

04 out

– O procurador-geral da República de Angola diz que as autoridades portuguesas chegaram a equacionar o envio do processo com a investigação ao ex-vice-Presidente angolano para Luanda, mas que recuaram após a publicação de uma Lei de Amnistia que abrange Manuel Vicente e outros políticos.

23 out

– O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirma que Portugal e Angola vão trabalhar “no sentido de novos passos” na agenda bilateral, salientando que as relações entre os dois países “nunca tiveram nuvens”.

– O embaixador de Angola em Portugal admite que as relações entre os dois países “estão neste momento numa frieza”, como “de resto publicamente já se fez sentir”.

14 nov

— Segundo um documento a que a Lusa teve acesso, o juiz do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa enviou a 07 de novembro uma carta rogatória às autoridades de Angola para que Manuel Vicente fosse constituído arguido.

25 nov

– A Procuradoria-Geral da República de Angola garante que não recebeu qualquer carta rogatória proveniente do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

29 nov

– O ministro das Relações Exteriores angolano avisa que enquanto o caso que envolve a Justiça portuguesa e Manuel Vicente não tiver um desfecho, Angola “não se moverá nas ações de cooperação com Portugal”.

30 nov

– O chefe da Diplomacia angolana defendeu hoje a transferência para a Justiça do país do processo que envolve Manuel Vicente e garantiu que Angola sobreviverá a uma crise de relações com Portugal.

04 dez

– O ministro da Comunicação Social de Angola, João Melo, afirma que a investigação em Portugal a Manuel Vicente “foi mediatizada” quando este era vice-Presidente da República, demonstrando a “intencionalidade” da Procuradoria-Geral da República portuguesa.

2018

08 jan

– O Presidente angolano, João Lourenço, classifica a atitude da Justiça portuguesa como “uma ofensa” para Angola e avisa que as relações com Portugal vão “depender muito” da resolução do caso em torno do caso do ex-vice-Presidente

– O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público de Portugal, António Ventinhas, lembra que o “poder executivo não pode condicionar a atuação do poder judicial”.

— A defesa do antigo vice-Presidente de Angola considera que o processo judicial ‘Operação Fizz’ sofreu vícios processuais que o colocam em causa e que as questões relacionadas com Manuel Vicente deviam ser analisadas pela justiça angolana.

09 jan

– O juiz que vai julgar o caso concordou com a posição do Ministério Público em recusar a transferência do processo do antigo vice-Presidente angolano Manuel Vicente para Angola, decisão que foi objeto de recurso para a Relação, segundo informação prestada pela Procuradoria-Geral da República à Lusa.

Deixe o seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Botão Voltar ao Topo

Discover more from Vivências Press News

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading