Oportunidades do sector eléctrico mobilizam parceiros

Fórum de Energia de África encerrou em Lisboa e abordou a evolução energética em Angola ao longo dos últimos 10 anos, com realce para a melhoria do quadro de acesso de que até 2022 atinja 50%.
Fórum de Energia de África (AEF) 2019, onde Angola foi apresentada como
“uma história de sucesso” no domínio da adição de potência à rede, encerrou ontem, no fim de quatro dias em que se realizaram mais de 40 mesas redondas e painéis de discussão, com mais de 2.500 participantes de todo o mundo.
A conclusão relativa a Angola partiu da alta funcionária zimbabweana Gloria Mugombo, durante um painel em que o secretário de Estado da Energia, António Belsa, divulgou os números da evolução que levaram o país a passar de uma oferta de pouco mais de 1.3 Gigawatts (GW), em 2010, para 4.8 GW em Maio, com uma previsão de atingir 7.5 em 2022 e 11 GW em 2030.
O secretário de Estado declarou aos participantes que a taxa de electrificação angolana, de 42% até Maio, subirá para 50% em 2022, num continente em que, de acordo com números divulgados no Fórum de Energia de África (AEF) 2019, cerca de 590 milhões de pessoas vivem sem acesso à electricidade.
Nesse domínio, os dados revelados durante o fórum são dramáticos, quando se olha para países como o Sudão do Sul, onde a taxa de electrificação urbana é de 4% e a rural de 1%, como é na República Centro-Africana, Congo Democrático, Chade, Djibouti, Burkina Faso, Guiné Conacri, Guiné-Bissau e Níger.
Apesar destes números sofríveis, há cenários benignos como os que se apresentam em Cabo Verde e Maurícias, onde as taxas de electrificação urbana são de 100% e a rural é de 89% e 99%, respectivamente.
A África do Sul tem uma capacidade eléctrica instalada equivalente a de todo o continente (à excepção dos países do Norte de África), incluindo 53 gw de energia fotovoltaica.
O continente “avançou muito nos últimos 20 anos”, considerou Koffi Klosseh, director-geral do Africa 50, um fundo de infra-estrutura de vocação subshariana, indicando que a evolução em termos de acesso é significativa.
Matriz energética
Mas, uma vez mais, o continente suscita a preocupação (exaltada em alto tom durante o fórum), pela sua matriz de produção de energia ser dominada pelos combustíveis fósseis, com números a indicarem que 37% da geração é provida por gasóleo e 23% por carvão, havendo também 18,1% de provisão por fontes hídricas e cifras mais residuais para fontes sustentáveis e não poluentes.
A introdução das energias renováveis como matriz da produção de energia em África “é uma questão estratégica”, declarou numa mesa redonda a secretária-geral do Ministério da Energia da Argélia, Fatma-Zohra: “estamos a observar a extinção das fontes fósseis e não podemos olhar para a energia solar e não ver a luz que lá está”, acrescentou.
Cabo Verde propõe-se a que, até 2025, toda a energia que produzir provenha de fontes renováveis, tirando partido do sol e do vento, os recursos mais abundantes daquele território insular desprovido de riqueza mineral e com condições adversas para a prática da agricultura.
Angola também figura entre os países que desenvolvem esforços para a alteração da matriz energética, de acordo com declarações do secretário de Estado da Energia nas plenárias e em entrevistas com a imprensa, nas quais reafirmou a decisão do Governo de adoptar a produção hídrica como matriz, seguida da conversão dos sistemas a diesel para gás e a expansão de projectos de energia híbrida com um mix de fontes renováveis, cinco dos quais já implantados.
Fonte: Economia & Finanças