Cronistas

Os Sobas

Lá mais  para o interior e onde a influência da civilização se fazia sentir, as sanzalas eram representadas por Sobas, já com alguma idade avançada, com certo prestígio entre os seus povos e das autoridades  presentes nas respectivas localidades. Eram homens que pelo seu comportamento e poder, herdados dos seus antecessores, se impunham perante os demais.
Infelizmente essas personalidades, foram desaparecendo e pouca importância lhe é atribuída hoje,  graças a políticas erradas seguidas por todos aqueles que tinham responsabilidades na governação e na administração desses sobados.
Nos meus tempos do Quela e Baixa de Cassange, lembro-me bem de grandes Sobas que bem conheci e conversava, quando parava nas diversas sanzalas, para deixar passageiros apanhados pelo caminho ou para carregar outros tantos até a vila mais próxima. Noutras vezes e no regresso duma caçada e como tributo pelos guias emprestados, oferecia uma ou duas peças de caça. Naquelas chanas, só mesmo com guias, caso contrário, andava-mos as voltas e  de lá não saiamos mais.

Lembro-me ainda, do Soba Quitubico, Catabola, Quimecesse, Quihungo. Estes sobsa nos seus territórios tinham sempre a coadjuva-los cerca de 20 a 30 sobetas, conforme o número populacional dessa sanzala, havia zonas que  chegavam a números entre os 200 a mil habitantes.
Tenho na memória os dias e momentos, em que esses Sobas faziam a sua visita a vila do Quela, do Cunda, Iongo… e  a assídua visita do soba Quitubico a nossa fazenda.
Essas visitas geralmente tinham como função prestar cumprimentos a uma nova autoridade administrativa ou para prestar contas sobre o seu sobado. Um dia e um espectáculo digno de se ver, admirar e respeitar. Vinham sempre acompanhados de numeroso séquito que sempre o acompanhavam, constituído pelas suas mulheres, batuqueiros e marimbeiros, bem como alguns dos seus sobetas, nalguns casos os transportador da tipóia, noutros transportavam uma cadeira, onde o soba descansava durante a sua caminhada. 

Chegado a vila, o soba apeava-se, colocava a sua ” quijinga”,  uma espécie de boina, feita de diversos materiais, umas de pano ou de ráfia, com aplicações  enfeites e uma espécie de chifres laterais e enchidos com algodão. Este adorno só era  permitido aos grandes sobas, porque representava o poder.

Feitos os respectivos cumprimentos, resolvidos os problemas, finalizava com representações de dança ao som dos batuques, marimbas e quissanje.

Para concluir a sua visita o soba descia ao povoado comercial  e ali fazia as suas compras de alimentos, ofertas para as suas mulheres, por vezes ficava na vila mais que um ou dois dias, sempre em clima de festa.

Assim era naquele tempo…

Notas:
“O Soba é uma autoridade regional tradicional de Angola.
O Soba Grande é quem lidera os outros Sobas na comunidade. Este tipo de hierarquia é muito tradicional, por isso muitas vezes é difícil de definir claramente os papéis e as responsabilidades de cada um, já que estão interligados pela na cultura e contexto locais.^Em determinadas regiões de Angola há um conselho de Sobas que escolhe o Soba, noutras a sucessão é realizada por linhagem em que o sobrinho, filho de uma irmã, toma o lugar do seu tio por morte deste.

O Soba toma decisões, organiza eventos especiais, desempenha o papel de juiz e age de forma a prevenir o aparecimento de problemas externos à comunidade, tais como a feitiçaria. As suas funções são a de fazer a ponte entre a comunidade e governo, informarem-se dos problemas, investigar as causas e obter soluções, tais como problemas relacionados com a morte, doença ou outros assuntos similares. É também o responsável pela segurança da comunidade e estabeleça as regras que devem ser aplicadas.
O Soba trata localmente dos problemas sociais ou tradicionais, como a feitiçaria. Se não for capaz de resolver localmente os problemas, o Soba faz um relatório para apresentar ao Soba Grande que o irá analisar e em colaboração com outros Sobas decidirá o que fazer. Sempre que à descontentamento local é o Soba que representa o povo perante a Administração Municipal, para expor os problemas e os tentar solucionar.”

Existem dois tipos de Sobas, o Soba Grande (regedor) e o Soba.

O Soba Grande, é o Soba que lidera os outros Sobas na comunidade. Este tipo de hierarquia é muito tradicional, por isso muitas vezes é difícil de definir claramente os papéis e as responsabilidades de cada um, já que estão interligados pela cultura e contexto locais.

O Soba é uma autoridade regional tradicional de Angola.

Em determinadas regiões de Angola há um conselho de Sobas que escolhe o Soba, noutras a sucessão é realizada por linhagem em que o sobrinho, filho de uma irmã, toma o lugar do seu tio por morte deste.
O Soba toma decisões, organiza eventos especiais, desempenha o papel de juiz e age de forma a prevenir o aparecimento de problemas externos à comunidade, tais como a feitiçaria. As suas funções são a de fazer a ponte entre a comunidade e governo, informarem-se dos problemas, investigar as causas e obter soluções, tais como problemas relacionados com a morte, doença ou outros assuntos similares.

É também o responsável pela segurança da comunidade e estabeleça as regras que devem ser aplicadas.
O Soba, trata localmente dos problemas sociais ou tradicionais, como a feitiçaria. Se não for capaz de resolver localmente os problemas, o Soba faz um relatório para apresentar ao Soba Grande que o irá analisar e em colaboração com outros Sobas decidirá o que fazer.
Sempre que há descontentamento local é o Soba que representa o povo perante a Administração Municipal, para expor os problemas e os tentar solucionar

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