Sociedade

Pelo futuro do meu país

Hoje é o dia mundial dedicado ao livro infantil. Uma data que foi instituída, neste dia, por marcar o dia de nascimento de um maiores escritores, no que a literatura infantil respeita, de todos os tempos, Hans Christian Andersen, autor de obras infantis com reconhecimento internacional.

O mundo da literatura infantil, dá-nos, enquanto crianças, a possibilidade da abertura de várias portas – da imaginação e da mágia – que nos oferecem um mundo de cor, imaginação intensa e de bondade, sobretudo, onde, para além de o mal existir, a justiça e a bem sempre prevalecem.

Um mundo que, lamentavelmente, torna-se, muitas vezes, mito, quando fechamos a capa do livro. Mas que tem uma grande contribuição para a possibilidade da construção de homens de bem, de ricas imaginações e com vontade na defesa do bem comum.

Em Angola, existe um número considerável de escritores que se dedicam à literatura, especialmente, voltada para as crianças. O que tem possibilitado que tenhamos, anualmente, algumas poucas publicações de obras infantis. Que constituem ferramentas de grande importância para o auxilio na educação das crianças. Gostava de aqui destacar, a escritora Cremilda de Lima que muito tem dado o seu contributo neste segmento, pensando, sempre, no futuro de Angola.

Menciono o futuro de Angola, porquanto compreenda que investir na educação das crianças angolanas, e isto passa, naturalmente, por uma cultura de aproximação à literatura, é pensar na Angola do futuro.

E no evitar de futuros debates como os que temos, nos dias de hoje, como por exemplo: “Porquê que os jovens angolanos não gostam de ler?”. Uma pergunta, cuja resposta se resume, e só os hipócritas não se permitem ver, ao facto de eles, estes mesmos jovens, não terem sido educados com a cultura de proximidade aos livros e de também não terem grandes exemplos ou referencias, dentro do próprio seio familiar. Porque, como sabemos, os país estão sempre tão ocupados com as tarefas, os empregos, isto e aquilo… que não têm tempo para a transmissão dos bons valores, e, depois, são estes, os mesmos pais, que se questionam: “Porquê que os jovens angolanos não gostam de ler?”

Só se lê se se escreve

O governo angolano tem empreendido algum esforço, por meio do Ministério da Cultura, no sentido, resumidamente, de apresentar o livro infantil como sendo um bom aliado para as crianças, com iniciativas como o Jardim do Livro Infantil.

Em 2016, a ministra da cultura, Carolina Cerqueira, definiu “A produção e distribuição de livros infantis à escala nacional, tendo como foco as localidades de difícil acessibilidade ao livro e ausência da generalização da cultura do livro”, como sendo uma das acções prioritárias do ministério.

Contudo, advogo que a criação de mais concursos nacionais, sei da existência somente de um, que promovam o talento de escritores infantis seja, igualmente, um bom mecanismo para a descobertas de mais escritores, e consequente enriquecimento da classe de escritores infantis angolanos, e de maior divulgação da importância do livro infantil na nossa sociedade.

Tudo isto para pela criação de uma sociedade que valorize mais a edução. Que seja mais inclusiva. E que sinta tão orgulhada com um escritor infantil de reconhecimento internacional… Como se orgulha de uma modelo, sem nada contra, pelas passarelas do mundo…

Sem escolas, sem professores, sem livros, sem catenas, sem futuro, sem mudança do mundo

Neste dia mundial do livro infantil, que não faz manchete em Angola, o que prova o quão preocupados e engajados, estamos todos nós, pelo futuro do nosso país, gostava de vos oferecer uma reflexão em torno do que considero um pesadelo: que as 11 mil crianças no município da Nhareya, na província do Bié, em Angola, estão a viver.

Foi noticiado, pelos órgãos públicos de comunicação social angolanos, que mais de 100 escolas foram encerradas, por falta de professores, e que, por consequência, 11 mil crianças no município da Nhareyaprovíncia do Bié, em Angola, ficarão sem acesso à escola durante este ano.

Uma notícia que mexeu comigo. Me fez chorar. E pensar, no quão comprometido, vai, com isto, o futuro do meu país.

“Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”, pensei, logo de imediato, nesta célebre citação da jovem activista paquistanesa Malala Yousafzai.

E surgiram as questões: E sem professores? E sem livros? E sem canetas? Podem as crianças angolanas mudar o mundo? Sonhar pelo que acreditam? Viver o mundo da imaginação? Podem ser crianças?

São questões que gostava de deixar, aqui, para que as entidades angolanas responsáveis pela resolução deste problema, que compromete o futuro e o presente da nossa pátria, respondessem.

A falta de acesso a escola significa, para mim, uma forma de privar com que as possam sonhar. Privar com que as pessoas possam crescer. Privar com que as pessoas possam seguir os seus caminhos e se encontrarem nos seus desejos. A falta de acesso à escola é o permitir da criação de uma sociedade de descriminação. Uma sociedade separatista. É não puder competir em grau de igualdade. É não poder contribuir para um futuro melhor.

E é:

Pelo respeito a Declaração Universal dos Direitos da Criança,

Pelos 11 compromissos para com a criança angolana, aprovados em 2007 pelo governo angolano, e que inclui nos seus pontos 4 e 5, temas relacionados a educação das crianças,

Pelas crianças angolanas que sem professores, livros e possibilidade de aprender a ler e a escrever, que exalto a minha voz, por meio destas palavras, para dizer:

Nós também merecemos sonhar. Nós também merecemos viver o mundo da fantasia. Nós também merecemos aprender. Porque nós também somos crianças e merecemos ser instruídas e felizes.

Israel Campos

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