PM são-tomense em visita de dois dias a Angola

“Angola é um país amigo com qual temos relações bastante profundas, históricas, políticas e culturais e vamos precisamente para darmos um novo impulso a essa cooperação que tem conhecido altos e baixos nos últimos tempos e que é necessário reactivar”, disse Jorge Bom Jesus aos jornalistas antes de partir para Angola.
Trata-se da primeira deslocação do primeiro-ministro são-tomense para uma visita ao estrangeiro, em que se faz acompanhar dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Elsa Pinto, e do Planeamento, Finanças e Economia, Osvaldo Abreu.
O governante são-tomense disse que a reactivação das relações de cooperação bilateral com Angola tem “uma perspectiva de desafios mútuos, numa visão partilhada de interesses para o bem-estar e desenvolvimento dos dois países, nações e povos”.
Jorge Bom Jesus lembrou que existem vários domínios de interesse para São-Tomé e Luanda, “desde logo o próprio espaço do Golfo da Guiné em que as posições [ dos dois países] são estratégicas”.
Os dois países desenvolvem uma cooperação nas áreas económica, militar, diplomática e são esses domínios sobre as quais a delegação são-tomense vai ” conversar e estreitar relações e interesses” com as autoridades angolanas.
“Nós não queremos continuar a nutrir com Angola esta relação no sentido único de quem vai pedir, São Tomé e Príncipe tem de olhar para si, para as suas potencialidades e está em condições de poder dar e tem muito para dar”, disse Jorge Bom Jesus.
Energia, transporte aéreo, portos e turismo são áreas que o primeiro-ministro considera interessarem particularmente aos dois países.
O Governo são-tomense vai igualmente conversar com as autoridades de Angola sobre a situação da diáspora são-tomense em Angola “que é antiga e precisa cada vez mais de integração e de participação”.
Jorge Bom Jesus promete “acarinhar os angolanos e os seus investimentos” no seu país, acreditando que a questão Rosema venha a ser analisada durante esta visita a Angola.
Em causa está o controlo da cervejeira Rosema, que opôs em tribunal o empresário angolano Mello Xavier e os irmãos Monteiro, são-tomenses e que já foi alvo de várias decisões judiciais contraditórias.
Em Maio do ano passado, o juiz António Dias emitiu uma sentença numa providência cautelar interposta pela advogada dos irmãos Monteiro, Celiza de Deus Lima, que anulou o efeito do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de 21 de Abril e restituiu “imediatamente” a fábrica de cerveja à Sociedade Irmãos Monteiro.
Acusado de “contrariar e desobedecer” ao acórdão do STJ que tinha devolvido a cervejeira a Mello Xavier, o Conselho Superior dos Magistrados Judiciais decidiu suspender o juiz das funções no Tribunal de Lembá, norte do país, onde se encontra instalada a Rosema.
Fonte: Lusa.