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Porto: Sede da Fundação Sindika Dokolo continua de portas fechadas

O prazo anunciado para a abertura da Fundação Sindika Dokolo, na Casa Manoel de Oliveira, no Porto, era o segundo semestre de 2017, mas o espaço multiusos angolano continua de portas fechadas e sem previsão para abrir.

A Câmara Municipal do Porto, que em 2015 vendeu o edifício, em hasta pública, por 1,58 milhões de euros, desconhece qualquer data de inauguração ou se há intenção de manter a sede em Portugal. “Não tem havido contactos”, esclareceu a autarquia, questionada pelo JN.

“Actualmente, apenas os compradores podem dizer sobre a sua utilização futura. Três anos depois da aquisição do imóvel pela empresa Supreme Treasures Lda., ligada à empresária angolana Isabel dos Santos, casada com Sindika Dokolo, há apenas uma certeza: a obra está concluída, entregue e facturada desde Março de 2017”, a garantia foi dada pelo ateliê do arquitecto Eduardo Souto Moura.

Eduardo Souto Moura foi o autor do projecto original da Casa que iria acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira, o que nunca aconteceu, porque não houve acordo entre o realizador e a autarquia, e a casa, concluída em 2003, nunca chegou a ser ocupada. Foi também incumbido da reabilitação, tanto no interior como no exterior. “Nada foi alterado, apenas reabilitado”.

120 mil euros para a Cultura Portuense

Em 2015, quando o empresário congolês e coleccionador de arte Sindika Dokolo inaugurou, na Biblioteca Almeida Garret, no Porto, a exposição “You Love Me, You Love Me Not”, um caso de sucesso, com mais de 40 mil visitantes, deixou várias promessas à cidade.

Em entrevista ao JN, em Fevereiro de 2016, afirmou que do Porto ficou com “a sensação de que tem potencial para ter brilho europeu internacional. Tem infraestruturas, dimensão histórica, beleza natural e, acima de tudo, um tecido cultural único”.

“Sentimo-nos muito próximos do conceito de cidade líquida”, elogiava também, então, ao PÚBLICO, Fernando Alvim, vice-presidente da Fundação.

“Como temos muitas ligações nos Estados Unidos, na América Latina ou Ásia, podemos trazer artistas dessas paragens, criando dinâmicas que serão benéficas tanto para a cidade como para nós”, enfatizou ao JN Sindika Dokolo.

Neste sentido, foi manifestada a intenção de contribuir com 120 mil euros, como mecenas, para o orçamento de dois projectos culturais da autarquia liderada pelo independente Rui Moreira: o festival do pensamento Fórum do Futuro, que este ano completou cinco edições, e o programa de arte pública, o que efectivamente aconteceu . “Patrocinou esses dois programas, conforme previsto”, confirmou a Câmara do Porto.

Contudo, tudo o resto não saiu do papel. A Fundação Sindika Dokolo referiu querer um espaço para organizar um Festival de Música do Atlântico, que nunca aconteceu, e para estender ao Porto a Bienal de Poesia de Luanda, que também não ocorreu.

“Não chegou a haver qualquer data ou local indicado” para esses projectos, justifica a autarquia.

Também manifestou a intenção de vir a figurar como fundador da Casa da Música e estabelecer uma ponte para a Faculdade de Arquitectura, mas até hoje nada foi concretizado.

Fonte: Jornal de Notícias

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