Portugal está entre os países que mais exportaram sal para Angola este ano, num total de 899 autorizações emitidas pelo Ministério das Pescas e do Mar de Angola, que totalizaram 293. 289 toneladas do produto.
Segundo a diretora nacional de Produção e Iodiziação do Sal, Sidalina Costa, a maior parte do sal importado é de mesa e o sal desnaturado, bem como o cloreto de sódio puro.
Além de Portugal exportaram também para o país lusófono a Namíbia, Índia, China e África do Sul, informou Sidalina Costa quando procedia à informação sobre a Situação Atual da produção e da Importação do Sal em Angola.
Sobre a importação, a ministra das Pescas e do Mar de Angola considerou este “um debate antigo”, afirmando que ainda há necessidade de se continuar a importar.
“A produção nacional não satisfaz as necessidades da população e não só, da indústria”, disse.
Vitória de Barros Neto referiu que a quota de importação de 100 mil toneladas “pode ser discutida”.
“Partimos das 100 mil toneladas, que na altura era o défice, e agora com o aumento da produção, podemos perfeitamente estabelecer contingentes no limiar do défice”, disse.
Por sua vez, Sidalina Costa manifestou abertura para melhor interação com os importadores, porque há a perceção de que os mesmos desconhecem a existência dos produtores nacionais de sal.
Já o diretor nacional do comércio interno e serviços mercantis do Ministério do Comércio, Estêvão Chaves, referiu que há uma grande preocupação relativamente à redução das importações, não apenas com o sal.
O responsável defendeu a realização de um trabalho multissetorial para se aferir que empresas têm estado a fazer a importação do sal sem a devida autorização do Ministério das Pescas.
“Há necessidade de se averiguar, porque já tivemos casos desses tanto com a importação do cimento e de ovos”, exemplificou.
Estêvão Chaves sublinhou que muitos dos gestores das grandes superfícies comerciais são estrangeiros e não conhecem a realidade do país.
“Ele nem sabe onde ir buscar o sal, e vai buscar o produto no exterior porque não tem o domínio do mercado interno, por isso há um esforço que também deve ser feito por parte dos produtores no sentido de se organizarem e convocar-se um fórum em que serão chamados os maiores importadores de sal e grandes produtores de sal e saber por que é que não optam pela produção nacional”, referiu.
Na sua intervenção o presidente da Associação de Produtores de Sal (APROSAL), Odílio Silva, disse que a crise económica e financeira que Angola enfrenta desde 2014, trouxe oportunidades para os produtores nacionais devido à escassez de divisas para a importação do sal, começando a haver maior procura pelo sal nacional.
Em 2016, foram importadas apenas 33 mil toneladas de sal, tendo a produção nacional conseguido comparticipar com o abastecimento do produto à população.
“Esta é uma realidade, só importamos 33 mil toneladas e o resto foi coberto pela produção nacional, estamos a falar em 2016, onde a nossa produção era de mais de 80 mil toneladas”, disse Odílio Silva.
O presidente da APROSAL sublinhou que os produtores não são contra a importação do sal, mas há necessidade de uma reavaliação dos parâmetros que definem a real necessidade do consumo do mercado nacional, sem esquecer o mercado regional, para que em conjunto se crie uma estratégia de proteção da produção nacional.
Odílio Silva afirmou que “o mercado neste momento está estrangulado”, salientando que o entreposto tem 500 toneladas há cerca de dois meses e até à presente data conseguiu comercializar apenas 100 toneladas.
Fonte: Lusa