Português Miguel Geraldes vai liderar a Unitel

O português Miguel Geraldes vai ser o novo director-geral da Unitel, operadora angolana de telecomunicações, em substituição de Antony Dolton. A decisão foi tomada durante a assembleia-geral da empresa que decorreu esta terça-feira em Luanda.
O novo conselho de administração para o período entre 2019-2021 passará a ser constituído por Isabel dos Santos, Amílcar Safeca, Miguel Geraldes, João Boa Quipipa e Luiz Rosa.
Miguel Geraldes era, até agora, representante dos chineses da Huawei na África do Sul. Antes disso, durante nove anos, havia sido managing director da MTC Namibia, a operadora telecomunicações namibiana.
Miguel Geraldes foi o homem da PT na Namíbia, quando a operadora portuguesa entrou em 2006 na MTC, operadora móvel daquele país. Quando estes activos de África foram incorporados na Oi, em 2014, quando ainda se estava a operar a combinação de negócios entre a PT e a Oi.
A MTC, na altura da PT, estava sob a holding Africatel que tinha como sócio o fundo Helios e que iniciou uma guerra por estes activos com a operadora brasileira. Em 2016, a Helios, através da filial Samba, chegou a acordo com a Oi, tendo ficado com a MTC na Namíbia.
No ano seguinte, Miguel Geraldes, que antes de ir para a Namíbia esteve toda a carreira na TMN (operadora móvel da PT), transitou para a Huawei.
“Foram reconhecidas pelos accionistas as capacidades e qualidades técnicas dos administradores cujo mandato cessa, reconhecendo ainda que, no exercício do referido mandato, a actuação do Conselho de Administração se pautou por princípios de boa-fé, tendo em vista a prossecução dos interesses da Unitel”, refere o comunicado.
A Unitel é detida, em partes iguais de 25%, pela Vidatel, de Isabel dos Santos, a Mercury, da Sonangol, a PT Ventures, controlada pela Oi, e Geni, do general Leopoldino Fragoso do Nascimento.
Os últimos três anos da Unitel têm sido marcados por um conflito com a Oi, a qual reclamava o pagamento de dividendos em atraso.
Em Fevereiro deste ano um tribunal arbitral de Paris deu razão à operadora brasileira, obrigando os restantes accionistas angolanos da operadora a pagarem-lhe 600 milhões de dólares.
Na altura, em reacção a esta decisão, a Unitel considerou a decisão do tribunal como uma meia vitória na medida em que a Oi reclamava o pagamento de três mil milhões de dólares.
O comunicado desta terça-feira é omisso em relação à disputa que envolve a Oi e a Unitel.
Fonte : Jornal Negócios