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Presidente da República considera “chocante e repugnante” desvio de 4.700 milhões de dólares em fundos públicos

O chefe de Estado angolano, que discursava hoje, no Lobito, província de Benguela, no acto de abertura do ano judicial de 2019, referiu que, após os seis meses de graça que a lei conferiu aos visados , até 26 de Dezembro de 2018, no quadro do Repatriamento Coercivo de Capitais, o Estado “está no direito de utilizar todos os meios ao seu alcance para reaver ao que ao povo angolano pertence “.

A Lei de Repatriamento de Capitais foi aprovada a 26 de Junho de 2018 com o objectivo de devolver a Angola os montantes investidos no exterior do país, ilegalmente colocados em paraísos fiscais e outras praças financeiras, prazo que terminou a 26 de Dezembro do mesmo ano e cujo total já eventualmente retornado ainda está por revelar.

“Passados que são três meses [desde o final do prazo, tendo entrado em vigor a Lei de Repatriamento Coercivo de Capitais], estamos empenhados a trabalhar nesta direcção, com o concurso dos cidadãos que denunciam, dos competentes serviços de investigação, do Ministério Público e dos tribunais, que intervirão quando chegar o momento”, referiu João Lourenço.

Na quarta-feira, no comunicado final do Conselho de Ministros Extraordinário, é indicado num só parágrafo que o Estado angolano foi lesado em mais de 4.700 milhões de dólares (4.100 milhões de euros) em investimentos privados feitos com fundos públicos.

Segundo o documento, que não avança quaisquer pormenores sobre nome dos investidores, o montante foi apurado por uma Comissão Multissectorial criada pelo Presidente da República, João Lourenço, em Dezembro de 2018, com o objectivo de identificar os investimentos feitos com fundos públicos antes de chegar ao poder, em Setembro de 2017.

Hoje, João Lourenço foi mais longe e indicou que o grupo de trabalho que tinha como responsabilidade proceder ao levantamento com toda a informação dos investimentos realizados com recursos a avultados fundos públicos identificou tratarem-se de “alguns dos grandes grupos empresariais privados” da praça angolana.

“No essencial, o trabalho está concluído e em posse do executivo, sendo o conteúdo do relatório, permita-me dizê-lo, no mínimo chocante e repugnante”, frisou.

Segundo o Presidente da República, o Estado terá perdido perto de cinco mil milhões de dólares, “que beneficiava uma elite muito restrita”.

“Estamos, assim, em condições de, nos próximos dias, accionarmos os mecanismos para o Estado reaver o património e os activos que lhe pertencem a abrigo da Lei 15/18 de 26 de Dezembro sobre o Repatriamento Coercivo, apenas na sua componente interna da perda alargada de bens”, referiu.

Na sua intervenção, João Lourenço apontou a necessidade de uma justiça “cada vez mais célere, mais acessível à esmagadora maioria dos cidadãos, mais capacitada para responder aos grandes desafios do combate ao crime no geral, de combate à corrupção e à impunidade”, contribuindo para a moralização de toda a sociedade e tornar o mercado nacional mais competitivo e seguro para atracção do investimento privado nacional e estrangeiro.

Fonte: Lusa.

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